quarta-feira, 11 de maio de 2011

IndieLisboa 2011: Bummer Summer


Feito com muito pouco dinheiro Bummer Summer é a primeira experiência cinematográfica do realizador Zach Weintraub, que tinha acabado de sair da universidade quando iniciou as filmagens do filme. Com pouco dinheiro e pouca experiência o filme é um ensaio realizado por Zach Weintraub que além de realizar, assume também o papel de irmão mais velho. O papel principal foi dado um rapaz que autor conheceu através de uns amigos seus, também sem experiencia o rapaz aceitou relutantemente o papel de Isaac.
O filme inicia-se com um longo close-up onde o personagem principal brinca com uma navalha. Está cena impõe o ritmo da primeira parte do filme.
Quase todo o filme é feito através do improviso com nenhuma linha de diálogo escrita, tendo assim o realizador tomado, uma posição naturalista na realização do filme.
Segundo o realizador uma das principiais batalhas no início das filmagem foi a total inexperiência dos actores, a ingenuidade dos actores que transparece nos personagens é um dos pontos mais cativantes do filme.
Depois da cena inicial o filme continua no mesmo ritmo, mostrando cenas atrás de cenas onde nada parece ser realmente significativo. O início do verão de Isaac parece arrastar-se entre os encontros amorosos com Maya, a sua namorada e o regresso do seu irmão mais velho da universidade.
O encontro num concerto improvisado com uma cantora folk, que mais tarde se revela uma ex do irmão mais velho é o acontecimento que vai acabar por destabilizar a paz vazia do início do filme. Esta cantora folk, Lila, é a responsável indirecta pelo terminar do relacionamento de Isaac e Maya e directamente por levar os dois irmãos numa road trip em busca de um labirinto algures a norte.
A segunda parte do filme segue então a road trip destas três personagens, e a admiração destes dois irmãos por esta cantora folk. Que afasta Isaac da sua zona de conforto e o obriga a viver o mundo longe da sua rotina. Nesta segunda parte os planos são mais curtos como se a vida estivesse a regressar a Isaac.
O filme é brilhantemente filmado num preto e branco com um contraste perfeito um excelente trabalho de Nandan Rao responsável pela fotografia do filme. A utilização de uma câmara reflexa para filmar o filme tornou-se uma óptima escolha na produção deste específico filme. A sua utilização permitiu a filmagem do filme quase sem luz artificial recorrendo a lentes rápidas capazes de criar ambientes bastante atractivos. Torna-se apenas um pouco irritante para o espectador quando o realizador abusa das lentes rápidas da câmara dando origem a zonas fora de foco que em certos momentos estragam o plano.
Vale a pena referir duas cenas do filme, uma delas quando Isaac se afasta do irmão e de Lila na praia e chega até uma ravina onde no fundo se vê um mar revolto que ameaça tomar conta daquela construção rochosa. Além de brilhantemente filmada serve de metáfora à aparente indiferença dos personagens e das emoções que lutam nos seus interiores por um espaço. É importante referir também a cena da biblioteca que acontece mais uma vez quando Isaac se afasta dos seus companheiros de viagem e encontra duas personagens num beco pouco iluminado. Segundo o autor pouca coisa da cena estava escrita e embora metade da cena gravada tenha durante a edição sido cortada o embate em voz off do dono da biblioteca e o seu antigo empregado é de facto electrizante.
As dificuldades técnicas, a ingenuidade dos actores e do realizador não são pontos negativos neste filme, foram muito bem canalizadas tornando-se uma das características mais agradáveis do filme dando-lhe a tal essência naturalista muito própria que tão bem casa com a temática do filme.
O filme retrata estes jovens que poucas coisas têm a dizer uns aos outros, parecendo a princípio fantasmas que deambulam por estes espaços vazios. Mas a verdade é que as poucas vezes que as emoções transbordam para o ecrã as mesmas são bem acolhidas e muito bem filmadas.

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