sábado, 1 de novembro de 2008

Com Seis Acordes Apenas Se Toca uma Música dos Radiohead

Madame Godard


Os Madame Godard são nouvelle vague em português. Desde cedo se sentiu na música dos Madame Godard a necessidade de fugir ao status quo do panorama nacional. As influências são muitas e variadas, os ídolos dos Madame Godard estão lá todos seja, num acorde ou num verso desde Lennon a Hendrix tudo se ouve em Madame Godard. Constroem cenários pop sob a chanson française que sempre acompanha um bom filme francês, tudo isto num ambiente muito vintage e retro.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Byrne & Eno


Estamos a poucos anos de dar por concluída a primeira década deste novo milénio. Nos últimos anos fomos espectadores de uma revolução no mundo da música. Mas mais importante que a própria revolução foi a revolução de como vemos a música. Toda a noção sobre o modo de ouvir música e o modo de a obter foi alterada no espaço de poucos anos. Vivemos numa era em que se questiona a verdadeira importância da indústria musical e ao mesmo tempo o myspace, youtube e itunes tornaram-se indispensáveis a qualquer melómano, ou mesmo a qualquer ouvinte comum. O myspace tornou possível a bandas que ainda ensaiam no quarto na casa do pais disponibilizar a sua música a todo o globo.
È neste mundo em todos os dias impressa mundial tenta encontrar “the next big thing” que dois senhores da música voltam a apresentar-se como um duo num novo álbum. Ao fim de mais de vinte anos Brian Eno e David Byrne reúnem-se para dar à luz “Everything Happens Will Happen Today”.
Brian Eno e David Byrne são responsáveis por pelo menos trinta por cento da música que se fez nas últimas três décadas do século XX.
David Byrne é o homem que se definiu com os Talking Heads, a banda mais original dos últimos trinta anos. Brian Eno é o sintetizador por detrás dos Roxy Music, tendo um extenso trabalho a solo e como produtor assinou álbuns de pessoas como os Talking Heads, U2 ou John Cale.
Mas como se sentem este dois marcos da música pop, num mundo que já parece não se reger pelas mesmas regras ambos ajudaram a criar.
Existem vários factos quem provam que estes dois homens ainda respiram em 2008. Os Vampire Weekend um dos maiores hypes deste ano vão beber inspiração à mesma worldbeat que Talking Heads nos setenta. Brian Eno foi responsável este ano por trazer de volta os Coldpaly depois de um último álbum fracassado.
Em relação ao álbum em si, ao fim da primeira audição de “Everything that Happens Will Happen Today” percebemos que este é um álbum menos experimental que a última experiência do duo (My Life in the Bush of Ghosts). Embora este seja um álbum mais seguro há um facto que se manteve inalterado nestes mais de vinte anos e esse facto é o domínio da pop que cada um destes dois senhores possui que as novas geração ainda sonham possuir.
Neste álbum nota-se o gosto recém-adquirido destes senhores pelo gospel, que inunda a maior parte das faixas do álbum e em especial a faixa “Life is Long”. Se quisermos catalogar este álbum é possível descreve-lo como algo parecido com “Folktronica” com mais faixa mais electrónicas que outras. A voz dominante do algo é de David Byrne aqui muito mais contido e muito mais narrativo na sua época de Talking Heads. Se a voz é de Byrne a orquestração é de Eno, escritas com a ajuda uma guitarra acústica (algo fora do comum para Eno) e o Steinberg Cubase, Eno onze poderosa músicas.
E com novo álbum lançado Byrne e Eno mostram-se hoje tão ou mais relevantes do que no passado.

Late of The Pier


A banda alcunhade de "big thing" vem de terras de sua majestade (como é óbvio) e dá pelo de Late of the Pier. São uma espécie de Klaxons com cabeça e com talento. A impressa musical britânica depressa lhes pôs o rótulo de New-Rave (o que quer isso queira dizer). Mas a verdade é estes quatro rapazes mostram muita cultura música no seu primeiro álbum "Fantasy Black Channel" onde mostram inúmeras influências desde Brian Eno, Roxy Music, Heavy Metal, Prog e muito mais. Aqui fica "Bathroom Gurgle" uma das músicas mais interessante do novo álbum (vejam a música evoluir a partir de synth pop até um rol de influências desconcertante).

sábado, 18 de outubro de 2008

Black Cab



O espírito pode ser o de Stephen Meritt e a melodia pode pertencer aos Belle & Sebastian. Mas a voz essa é de Jens Lekman no banco de traz de um táxi.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O Cão do Meu Cão

Era uma vez um cão
E o seu homem de estimação
O homem Ladrou
E o cão falou

Que mundo é este
o do cão que fala
e do homem que ladra

É o mundo do faz de conta
do nosso mundo

by IndieStyle

domingo, 5 de outubro de 2008

b (fachada) o português pouco tradicional


Se não é nome de grupo, nem sequer uma identidade então o que representa b (fachada) se não a designação do projecto mais interessante a mover-se no panorama underground português. b (fachada) é um meio para atingir um fim, e o fim é transmitir os contos do dia a dia, de uma forma extravagante sem deixar de ser contida no seu mundo, cada tema ecoa como se duma ode poética se tratasse.
No seu myspace b (fachada) descreve a sua arte como “folque muito erudita”, e são nessas palavras que pensamos quando ouvimos a guitarra em tudo portuguesa menos na forma a acompanhar a voz que lembra a do poeta que declama com língua tão afiada quanto certeira. b (fachada) é narrador e protagonista das suas pequenas histórias que vão desde a sua interacção com as mulheres e os prazeres da carne até à mais mundana das situações que acontece ao mais comum dos Zés ninguém.
Tendo como editora a Merzbou a editora portuguesa conhecida por disponibilizar sem custos os trabalhos dos seus artistas, editou já três trabalhos deste projecto. Sendo os mais recentes “b (fachada) Sings The Lusitanian Blues” e “Mini Cd (Produzido por Walter Benjamin)”. No primeiro b (fachada) comunga com os blues norte americanos sem nunca esquecer a identidade fincada portuguesa presente em todas as músicas. O clima de tropicalismo é metamorfoseado em algo freak que não esquece e que em cada música se comporta como uma moda tradicional portuguesa.
No segundo ep b (fachada) junta-se a Walter Benjamin colega de editora e de palcos para elaborar mais conjunto de “bonitas” canções. Aqui pela primeira vez ouvimos outra língua que não o português. Por alguns momentos somos expostos ao inglês da forma mais portuguesa possível. Neste álbum somos apresentados à violência doméstica, ao D.Pedro e à transexualidade de uma personagem fictícia ou nem tanto.
b (fachada) conseguiu construir para além de um som toda uma estética que se expande por tudo o que toca.


Jesus Who?


"Christianity will go. It will vanish and shrink. I do not know what will go first, rock 'n' roll or Christianity. We're more popular than Jesus now. Jesus was all right, but his disciples were thick and ordinary." by John Lennon

domingo, 21 de setembro de 2008

Sábado à Noite


Dado se tratar de uma noite de sábado resolvi ir à pagina da Internet que me costuma mostrar a agenda cultural e assim tentar apaziguar a vontade por um bom concerto. Depois de alguma procura encontrei o concerto certo, passei posteriormente para a parte da companhia. Tudo tratado às onze horas lá estava eu e a minha companhia na Galeria Zé dos Bois a comprar dois bilhetes para o concerto do Tó Trips. A abrir o concerto, uma agradável surpresa. Mariana Ricardo a voz por detrás dos Pinhead Society que de alguns para cá associo aos München estava agora à minha frente e a solo. Com o seu ukelele, um mini kit de bateria e um baixo Mariana proporcionou ao público presente naquela sala um concerto bastante intimista cheio de músicas pop muito ao estilo dos Pinhead Society. È engraçado que embora com vários projectos actualmente como os München ou os Rock Group Tiger a solo Mariana continua a ser a rapariga dos Pinhead Society. Com uma espécie de timidez de vez Mariana dirigia-se ao público. Os presentes tiveram a oportunidade e ouvir um novo tema onde Marina teve a hipótese de mostrar a sua admiração por um tal de Lou. E assim tal como chegou de cabeça baixa assim partiu.
Na segunda parte chegou Tó Trips desta feita sem cartola apressou-se a agarrar a guitarra e assim mostrou todo o seu talento. Embora em constante luta com o cabo do amplificador Tó Trips mostrou-se a si mesmo e não como o “Dead Combo”. Guitarrista exímio não fugiu as influências já conhecidas no seu trabalho a tempo a inteiro, mas teve tempo para mostrar outras ainda que talvez desconhecidas da maioria. Com a promessa de um trabalho a solo bastante concreta deixou o palco. E assim foi a minha noite de sábado eu, ela e dois dos meus artistas favoritos desta feita a solo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A Casa do Cinema


Cinemateca by Lucia Costa

Private Lily

Noah and the Whale


Quem neste verão se passeou pelos blogues dedicados a bandas mais alternativas que inundam a internet, já ouviu de certeza “5 Years Time” (a música do assobio e não, não é nenhuma música do David Fonseca). A banda por de trás deste hit twee dá pelo nome de Noah and the Whale, vindos da cidade de Londres que ultimamente tem exportado algumas bandas deste género dá agora a conhecer ao mundo este quinteto encabeçado por Charlie Fink.
As referências à cultura pop na banda são algumas e vão desde os videoclips até à que salta mais à vista o próprio nome da banda que surgiu da incorporação do nome do filme favorito da banda “Squid and the Whale” ao nome do seu realizador Noah Baumbach.
Embora sejam uma banda recente formada em 2006 com o seu primeiro álbum “Peaceful, The World Lays Me Down” lançado este ano, os Noah and the Whale já viram dois dos seus membros atingir a independência em trabalhos a solo. A autora do já imensamente querido pela crítica “Alas, I Cannot Swim” Laura Marling já fez parte da banda voltando a colaborar com a banda de quando em vez, sendo que os seu álbum a solo foi produzido por Charlie Fink o vocalista dos Noah and the Whale. Outro membro com trabalhos a solo é Emma-Lee Moss mais conhecida por Emmy the Great. Embora os Noah and the Whale sejam vulgarmente associados com género Twee e a bandas como os Belle and Sebastian, o primeiro álbum “Peaceful, The World Lays Me Down” mostra uma vertente bastante fincada folk nas suas músicas. As influências folk nos Noah and the Whale vão desde a veia mais tradicional Dylanesca, sendo que Charlie Fink é um grande fã de Bob Dylan sendo que esta inclusão não seja de admirar, até a uma vertente folk mais irreverente quase “freak”.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Regresso


Com o aproximar do final de Agosto vejo-me de novo em casa, embora as férias ainda não tenham terminado (é uma das vantagens de ser um estudante universitário) esta altura do ano já pede uma reflexão sobre este verão. Em termos de festivais este ano foi bem mais calmo do que o ano passado, depois da minha passagem pelo Optimus Alive! ainda em época de exames comecei as minhas ferias rumando para sul em busca das músicas do mundo. Depois da sua estadia em Porto Covo o Festival de Músicas do Mundo rumou para Sines e foi aí que o encontrei. Conhecido por mostrar a Portugal as bandas do mundo que passam ao lado da maioria das pessoas, este ano o cartaz não foi excepção mostrando os nomes mais importantes da world music nacional e internacional. Eu tive a hipótese de assistir ao vivo ao dia 22 que contou com os nacionais Dead Combo que embora não gostem do rótulo de world music se enquadram perfeitamente neste ambiente. O palco dos Dead Combo que se encontrava em frente ao centro de arte contou com público suficiente para encher a rua, público esse que teve a oportunidade de ver os novos temas de Lusitânia Playboys. Temas como “Putos a Roubar Maçãs” ou “Sopa de Cavalo Cansado” convergiram com os clássicos da banda e até com um cover dos Queen of the Stone Age para um concerto arrebatador que embora em palco “secundário” se mostrou como um dos melhores do ano, dado por uma banda que é uma das principais certezas do panorama nacional. Já no interior do centro de artes era possível assistir a Iva Bittová um violinista checa de avant-gard. Que utiliza o violino de maneiras pouco ortodoxas tocando as cordas com instrumentos um pouco estranhos, misturando quase como um rock multi camada com a sua ascendência de leste tudo isto junto ao seu dotes vocais que vão desde uma voz terna ate ruídos estranhos vindos do interior da sua garganta formam um espectáculo a não perder. Para o final da noite ficou uma das minhas bandas favoritas deste verão. Os Moriarty para além de um nome que faz referencia ao arqui-inimigo de Sherlock Holmes são um dos projectos mais interessantes no que a wolrd-music diz respeito. Vindos dos diferentes cantos do globo e com casa em Paris os Moriarty são uma “ensemble” que povoa diferentes géneros desde o folk ao cabaret. Cada música narrada por Rosemary Moriarty de uma pequena história se trata que nos arrasta para uma imagética própria dos olhos de uma Alice e o seu país das maravilhas.
Embora sejam uma banda com uma veia clássica são quase como enteados bem tratados no panorama indie depois de terem tocado no festival Benicassim.
Mas foi na fase, férias de papo para o ar na praia que pude finalmente dar atenção a alguns livros e bandas que me perseguiam já há algum tempo. No que a literatura diz respeito posso referir “menina else” de arthur schnitzler, um drama psicológico na primeira pessoa que percorre os medos e as inseguranças da personagem principal. Acabei também “Dentes Brancos” de Zadie Smith uma das minhas escritoras favoritas.
No que à sétima arte diz respeito posso dizer que foi das únicas coisas que me fez sentir saudades de Lisboa e dos cinemas Medeia e da Cinemateca. É muito maçador ir aos cinemas por esse país a fora e apenas encontrar os blockbusters americanos que mais tarde ou mais cedo farão parte das grelhas de fim de semana dos dois canis independentes de Portugal.
Em termos de álbuns que passaram pelo meu ipod em férias posso evidenciar “Limbo, Panto” dos Wild Beasts, o novo projecto de Manel Cruz Foge Foge Bandido, “Lie Down In The Light” de Bonnie 'Prince' Billy e Nouns dos No Age entre muitos outros. Agora que voltei espero voltar a postar com a frequência normal, desculpem também este texto um pouco feito à pressa mas ainda não acertei a mão.

sábado, 19 de julho de 2008

Optimus Alive! dia Dez


Dia 10 era um dia marcado no meu calendário já há alguns meses como o dia de abertura do festival Optimus Alive!. Nos meses que antecederam o festival vários nomes haviam sido confirmados, nomes esses, que tornaram o jovem festival num dos festivais mais bem cotado no meio da crítica especializada, tornando-o num dos festivais mais aguardados da Europa. Nomes comos os de Bob Dylan ou Neil young faziam o deleite da maior parte dos fãs. Para mim o dia dez parecia ser o dia mais amigável, com os nomes responsáveis pelos álbuns mais interessantes no panorama alternativo. Os MGMT e os Vampire Weekend eram os nomes mais esperados pelos chamados “indies”.
Chegado o famoso dia dez já na minha carteira residia o bilhete me possibilitava assistir aos concertos desse mesmo dia, o bilhete que tinha custado 45 euros estava um pouco acima da média para um festival português mas bastante abaixo da média para a maioria dos festivais europeus.
Depois de alguns minutos numa fila que pelo seu tamanho adivinhava a enchente prevista para o primeiro dia de festival. Chegado ao recinto apercebi-me que ao longe no palco principal tocavam os Kalashnikov, mas para mim o palco que me enchia as medidas encontrava-se no lado oposto do recinto. Chegado ao Metro on Stage um palco muito mais reduzido e acolhedor coberto de verde com publicidade ao jornal diário gratuito.
No palco pude ver que o mesmo já se encontrava bem composto, enquanto os Sons of Albion tocavam. A banda luso-britânica e banda de Logan Plant, filho de Robert Plant, faz aquilo que eles referem como sendo o verdadeiro rock. Pouco conhecidos em Portugal os Sons of Albion conseguiram por o público português que se encontrava no palco secundário a abanar a cabeça com o seu hard rock. Acabado o concerto, o público começou a chegar em grande número na esperança de assistir ao concerto de um dos maiores hypes deste ano comparados aos Talking Heads por incorporarem os ritmos africanos ao pop. Com um som veraneante os Vampire Weekend chegam ao palco do metro on stage e depressa começaram a por em acção o rol de poderosos singles. Com uma resposta extremamente positiva do público português Ezra Koenig não se cansa estimular a festa de verão entre o público pedindo ao público que dance ao som das músicas. Com temas como A-Punk, Mansard Roof e Oxford Comma cheios de energia estes norte americanos do Brooklyn mostram fortes temas pop a um público rendido à partida que pedia sen cessar a música One (Blake's Got a New Face). Bastante bem dispostos e comunicativos estes norte americanos ficaram espantados com recepcção calorosa e não fugiram ao clichê de considerar o público português o melhor do mundo.
Chegado o último tema dos Vampire Weekend saí depressa do palco secundário, mas só ao sair do palco percebi o quão cheio o palco estava. Depois de ultaprassar as diferentes ofertas de distração do recinto cheguei finalmente à outra ponta do recinto onde os Spiritualized já tocavam à alguns minutos.
Depois de nos últimos anos se terem afastado dos palcos em grande parte devido à doença que afligiu Jason Pierce o vocalista. Os Spiritualized voltaram aos palcos e aos álbuns, com o álbum “Songs in A&E” que recebeu excelentes criticas. Os Spiritualized mostram-se em grande forma.
Vestido de branco Jason Pierce parece um anjo no meio de gritarras furiosas. Para o público que se encontrava em pequeno número e pouco participativo este era apenas um concerto de espera pois a maioria estava à espera dos Rage Against the Machine que pouco têm a ver com o dream pop dos Spiritualized.
Não pude ver o final do concerto pois o palco secundário preparava-se para receber os psicadélicos de Broocklyn. Sendo responáveis por um dos álbuns mais interessantes de 2008 os MGMT prometiam tocar mais tempo do que o inicialmente estipulado devido ao cancelamento do concerto por parte das Cansei de Ser Sexy (aliás os cancelamentos foram um dos pontos negativos do festival, pois alguns dias depois também os Nouvelle Vague viriam a cancelar, embora estes problemas sejam alheios à direcção, isto veio a tornar-se um incomodo para as pessoas que visitaram o festival). Em relação aos MGMT tenho de ser muito sincero não tinha muitas expectativas, pois embora tenha sido a minha banda fetish deste ano, os MGMT pelo havia lido não eram tão forte ao vivo como nos seus registos fisicos. Embora um pouco atrasados os MGMT chegaram ao palco secundário onde Andrew VanWyngarden aproveitou para se meter com o público português mostrando o seu bom humor. Por esta altura já todos os arredores da cobertura do palco metro on stage estavam cheios. Embora uns pequenos contratempos de ordem técnica no primeiro tema, os sucessos de “Oracular Spectacular” começaram a desfilar no pequeno palco no passeio marítimo de algés, desde de Youth e o seu psicadelismo, ao synth pop de Kids ou a energia electrica de Electric Feel. Os MGMT conseguiram superar todas as minhas expectativas dando um concerto sólido que de certeza não descepcionou os fãs da banda. Para o final ficou Time to Pretend, a música que fala em viver de depressa e concepção de bebés em encontros furtuitos com modelos. Foi esta a música que quase deitou abaixo o palco metro on stage.
Depressa me pus a andar dalí com esperanças de ver os The National, esperanças essas goradas pois já não tive tempo de rever a terceira banda de Brooklyn no festival.
Mas consegui ainda ver os Gogol Bordello que depois de dois concertos explosivos, um no FMM e outro no Paredes de Coura prometiam animar o público português com o seu punk cigano. Os Gogol Bordello que fazem parte da nova world music que inunda o panorama indie, são a festa onde por exemplo os Beirut são a introspecção. Podemos questionar os dotes vocais de Eugene Hütz mas não podemos questionar a sua capacidade para dar uma festa. Sem dúvida que esta banda dos balcãs pôs todos os presentes a suar devido á festa proporcionada por estas personagens da europa central.
No final do concerto dos Gogol Bordello a noite chegou ao fim para mim em oposição à maioria dos presentes que esperavam ansiosamente os suecos The Hives e os cabeças de cartaz Rage Against the Machine.
Posso concluir que a organização do festival fez um trabalho de qualidade pautado pelo pensamento no público presente, construindo um bom cartaz e proporcionando instalação de qualidade para os fãs poderem usufruir desse mesmo cartaz. Espero pelo próxmo ano para assistir ao próximo capitulo de festival meteorico.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Brontosaurus Chorus

Os Brontosaurus Chorus são um grupo de oito rapazes e raparigas vindos de Londres, que já se fizeram notar na cena indie da sua terra natal. Fizeram-se conhecer em terras de sua majestade graças aos concertos jubilosos e cheios de energia. Por enquanto o único registo fisico onde os pudemos ouvir, é o vinil lançado pela PopArt onde os Bronto-C (o nome pelo qual eu gosto de os chamar) dividiram o seu espaço com os “And Waht Will Be Left of Them?” (será que os nome curtos já estavam todos em uso). Os Bronto-C vão ao encontro de bandas da nova geração de indie pop como os Black Kids que são conhecidas por fazer um pop orelhudo com guitarras a acompanhar. Os Bronto-C por seu lado são mais twee do que a maioria das novas bandas de indie pop. Eles fazem aquele pop fofinho bastante melódico mas juntam-lhe uma linha de baixo pouco habitual nas bandas do género, mais às bandas de post-punk dos anos oitenta.
A característica principal da banda é o som bastante reconhecível mas ao mesmo tempo bastante inovador.

A Palavra do Senhor


Daniel Smith é um cristão crente na noção de um ser superior, mas Daniel é principalmente crente na noção de família. Mas como é que este homem de família cristão se tornou na nova sensação indie do momento. Tudo começou quando Daniel Smith (Danielson) começou a gravar algumas músicas que viriam a fazer parte do álbum “A Prayer for Every Hour” junto com alguns membros da sua família. Esse mesmo álbum iria servir de tese final do seu curso de artes, tese essa que viria a receber nota máxima. E foi assim que junto da sua esposa, filhos, irmãos e amigos decidiu espalhar a música do senhor. E é no meio desta confusão harmoniosa de vozes em falsete, precursões alucinadas, guitarras vibrantes e sinos que nos levam até as músicas pop anos 60 que Danielson evangeliza as massas.
Em pleno ano de 2006 os Danielson decidiram agraciar a nós meros mortais com mais uma obra do Senhor na terra denominada por Daniel Smith de “Ships”.
Em “Ships” no meio dos irmãos, pais e filhos conseguimos encontrar também nomes conhecidos de outras lides como a estela da folk Sufjan Stevens ou Greg Saunier dos Deerhof ou o técnico de som Christiaan Palladino, vendo a inclusão destes nomes ao núcleo criativo seria de esperar que os momentos mais brilhantes fossem da responsabilidade destes senhores mas não o brilhantismo é todo responsabilidade da loucura criativa de Daniel Smith.
O álbum é como que um catarse promovida pelo gospel alucinado dos oboés, dos sinos pelo falsete de Daniel que evangeliza sem nunca deixar de ser pop, que é freak sem deixar de ser crente.
É no meio dos loops, dos efeitos de sons desta loucura controlada que Daniel se sente como peixe na água, são os beats alucinantes que nos movem de música em música e acompanham a mensagem.
É no meio das frases do senhor que Daniel Smith constrói as letras que vão se fundir à música promovida por esta família.
Este álbum serviu para pôr este ateu assumido a pensar na palavra do senhor, nem que seja apenas durante o tempo que estas onze músicas demoram a chegar ao final.

Danielson - Did I Step on Your Trumpet

Live From Glastonbury


Máquina do Tempo #2

O ano que se vivia era o de 1999 e estávamos a poucos meses do início de um novo milénio, mas antes do fecho das contas da década de 90, os The Dismemberment Plan tiveram tempo ainda de inscreverem o seu nome na história dessa mesma década com “Emergency & I”.
Para quem não se lembra ou nunca tenha ouvido falar os The Dismemberment Plan ou D-Plan para os amigos eram um quarteto de Washington, de Indie Rock conhecido pelas suas letras orelhudas e músicas cheias de energia. Embora vindos Washington e também pertencendo à escola do art-punk os D-Plan fugiam um pouco às bandas suas conterrâneas como os Fugazi ou os Jawbox que se mostravam muito mais hardcore. Os D-Plan por seu lado tocavam um indie rock típico da época com uma atitude jazzy, com as suas guitarras vibrantes e o ritmo de bateria imposto Joe Easley. Devido ao beats excitantes da banda a pitchfork chegou a chama-los de pais do movimento Dance Punk dando-lhes créditos pela explosão de bandas do género que se fez sentir no inicio dos anos 2000.
Foi em Outubro de 1999 que o penúltimo álbum da banda viu a luz do dia. Na concepção de “Emergency & I” as mais distintas influências parecem ter feito parte do processo de criação desde a soul até ao techno, Travis Morrison e colegas percorreram as suas prateleiras de vinis em busca do som certo para o álbum. Depois de encontrado o som para este álbum bastou juntar a voz pouco usual de Travis Morrison que parece colar-se perfeitamente nas doze músicas de “Emergency & I”. A guitarra e a batida parecem por vezes esbater-se na voz de Travis, que não sendo especialmente acutilante, é particularmente perfeita nos versos de “A Life of Possibilities”.
Seguindo uma abordagem simples e directa os D-Plan parecem ter se divertido bastante com a concepção deste álbum. E para história ficaram músicas como “You Are Invited” que ainda hoje não nos sai da cabeça com seu ritmo que serve de hino ao indie rock americano dos anos 90. É só pena que Travis Morrison não tenha sido propriamente feliz na sua carreira a solo.

domingo, 29 de junho de 2008

Riding Pânico


Os Riding Pânico são uma banda portuguesa de Lisboa que se move por composições Post-Rock normalmente características de bandas radicalizadas em outros pontos do globo.
Formados por membros dos “If Lucy Fell” e “Meneater” bandas conhecidas no circuito nacional por uma sonoridade mais pesada, os Riding Pânico movem-se por outros caminhos. Os Riding Pânico encontram-se mais à vontade em sons melancólicos com orquestrações rock muito intensas, construídas sobre várias camadas eléctricas que flúem nos loops de guitarras.
Os Riding Pânico embora menos soft que algumas das bandas do género são sem dúvida mais hardcore que a maioria.
E assim os Riding Pânico vão criando uma história pelos palcos de Portugal onde já escreveram várias actuações memoráveis no mapa deste país. Na história desta banda já figuram dois eps e um álbum de originais que os tornaram mais conhecidos no meio underground português. A este septeto apenas esperamos que se torne na confirmação que vem vindo a prometer desde do seu início.

sábado, 28 de junho de 2008

Marnie Stern


Marnie Stern é uma guitarrista de Nova York, que tem como principais influências o riot grrrl, em especial a atitude agressiva e vozes fortes dos Sleater-Kinney. Embora possua o credo Indie não tem medo de pisar terrenos pouco seguros para os da sua espécie. O som de Marnie Stern é puro rock suado sem esquecer o noise dos Sonic Youth e o hardcore dos At the Drive-In. Considerada por muitos críticos como uma guitarrista exímia e conhecida por um estilo um pouco atípico de tocar guitarra, Marnie Stern lançou no ano passado "In Advance of the Broken Arm" album que recebeu boas criticas da imprensa de Nova Iorque. Aqui fica "Every Single Line Means Something" musica retirada desse mesmo álbum.

Michael Turner (1971-2008)

All the Stars are Dead Now




in "Y: The Last Man #6" by Brian K. Vaughan and Pia Guerra

quinta-feira, 26 de junho de 2008

George Calin 1937 - 2008

No passado dia 22 George Carlin um dos melhores artistas de stand-up comedian vencedor de quatro Grammys faleceu com 71 anos. Conhecido pelo seu humor negro acutilante sem medo de passar a linha do politicamente correcto. Aqui fica um momento protagonizado por George Carlin onde o autor disserta sobre a religião.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Spiritualized


Jason Pierce voltou à Terra e trouxe consigo "Songs in A&E" o seu mais recente álbum de originais. Ao fim de algumas audições é perceptivel que Jason Pierce não se limitou a juntar algumas canções e gravar mais um álbum. "Songs in A&E" é o documento de uma fase difícil do autor que esteve numa situação quase fatal, mas conseguiu encontrar o caminho de volta a casa. E este álbum acompanha o autor enquanto este revê esse mesmo caminho.
Os elementos chave dos álbuns anteriores contiuam presentes, o gospel, o jazz e o rock contiuam a ser o triunvirato sagrado para os Spiritualized.
As referencias ao fogo e à alma também continuam presentes como é possível observar no titulo desta música "Soul on Fire"

terça-feira, 10 de junho de 2008

Natalie



"-Do you know what i do when i feel completely unoriginal?
- I make a noise or i do something that no one has ever done before ant than i feel unique even if it's for like a second"

Cashback


Quando se consegue em cerca de 20 minutos contar uma história porquê expandir a sua narrativa por mais tempo.
É com esta questão que Sean Ellis tem de ser debater em Cashback, para além disso Sean Ellis corre o risco de ao transformar esta curta numa longa-metragem que esta perca a sua identidade.
Depois de assistir à longa se que se segui-o à curta consegui voltar a sentir aquilo que senti com a primeira. Mas embora o corpo continue lá por vezes senti que haviam artifícios colados ao corpo da narrativa mas não encaixavam bem, a cena do jogo de futebol depois de assistida no conceito do filme deixa-nos um sabor de trivialidade agridoce que ocupa tempo da história.
Mas relação ao enredo desta curta transformada em longa, este foca-se em Ben Willis (Sean Biggerstaff) um estudante de arte que perde a capacidade de adormecer depois uma relação com final difícil. Depois de algumas noites onde este vagueia pelo quarto divagando sobre a inconsistência da passagem do tempo, este decide empregar as novas oito horas da sua noite num emprego num supermercado. È principalmente neste local no meio de prateleiras e balcões que o protagonista deambula reflectindo sobre a figura feminina e todas as suas formas. È também neste supermercado que Ben encontra a sua nova musa. É assim no meio de flashbacks e interrupções do tempo que a história de Cashback flúi.
Para além da realização de Sean Ellis e das excelentes interpretações de Sean Biggerstaff e Emilia Fox é necessário também referir a montagem cuidada e fotografia muito bem conseguida do filme.


Cashback
Colocado por drukskill

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Karma Police


Será que ainda somos nós quando a imagem se sobrepões à essência. Não perdemos nós a alma há muito tempo tal qual Dorian Gray, se não somos mais nós mas a nossa imagem. O que se segue quando o mundo acha que atingimos a perfeição. Será possível alguma vez virmos a sentir o sabor do ar do topo por mais que o tentemos alcançar, ou pior e se estivermos fadados a repetir o sucesso sem que este tenha significado. Será possível sair desta estrada onde tudo são luzes, aquelas luzes que formam as sombras a cada curva. Quando deixamos de ser nós para passar a ser parte da máquina, quando é que a maçã se tornou irresistível demais.
Eu só estou à espera que acendam as luzes para poder ver todos aqueles que se encontram à minha frente, será possível tocar a todos eles mesmo aqueles aquém os olhos não consigo alcançar, porque repetem eles as minhas palavras como se as conhecessem como se lhes pertencessem. Quando é que elas deixaram de ser minhas para serem deles.
Quando é que a nossa arte deixa de ser sonho para ser datas a cumprir num calendário que não para de crescer.
Eu só queria ser especial mas não passo de um cretino, à espera de repetir aquilo que outros já fizeram talvez com mais habilidade que golpe de sorte ou azar me trouxe até aqui.

about "Radiohead - Meeting People Is Easy"

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Música do Mundo em Português


Os movimentos musicais são algo orgânico movendo-se, de forma inopinada. É difícil adivinhar o que se segue, qual a próxima fonte criativa. Mas seguindo um raciocínio simples é de se esperar que quando a fonte criativa intrínseca seque que a procura se volte para outros locais criativos, muita vezes essa mudança quer dizer uma mudança geográfica. E esse é o princípio básico da world music.
Talvez esse principio se possa transcrever para a música indie que já existe desde dos anos oitenta e já se reinventou várias vezes embora o world music não seja uma noção nova para a música indie os Talking Heads são disso bons exemplos. Tem se visto crescer uma nova geração de world music ligada à música indie com nomes como os Beirut, Vampire Weekend ou DeVotchKa.
Movendo todos estes conceitos para o panorama português podemos caracterizar parte da música mais mainstream ou nem tanto desde os anos 70 como uma música fortemente influenciada pelo eixo anglo-saxónico. As bandas rock portuguesas sempre foram fortemente influenciadas por tudo aquilo que se faz em terras de sua majestade ou pelo som mais americano.
Mas todo este movimento musical português é algo recente, não sendo característico da nossa nação. Por sua vez o Fado é a linguagem de Portugal, tal como a nossa bandeira ou o nosso hino o Fado faz parte de Portugal.
Mas o que acontece quando se funde uma linguagem que é nossa com outra que não nos pertencendo mas ao mesmo tempo nos diz tanto.
A resposta a essa questão vem sobre a forma de um projecto lisboeta, uma cidade com alma de fadista. Os A Naifa são um projecto que pretende unir a poesia do Fado a sons “estrangeiros”. O nome desta banda espelha toda a dicotomia desta união “Naifa” que vem da palavra inglesa “Knife”(faca), faz parte do calão tão português.
Os A Naifa são ao mesmo tempo guitarra portuguesa e sintetizadores. Os A Naifa são Fado sem capa mas como muita Pop, esta banda pega em tudo o que é mais português e dá-lhe tudo o que os últimos anos de música pop tiveram de melhor.
Os A Naifa são formados por velhos conhecidos da cultura pop portuguesa João Aguarela (ex-Sitiado) e Luís Varatojo (Peste & Sida) que se juntaram a Maria Antónia Mendes uma voz que é Fado. A pergunta que fica no ar é o que acontece à saudade no meio de sintetizadores e guitarras portuguesas amplificadas. Que coisa estranha é esta será “Electro-Fado”?
Mas se os A Naifa são Fado com roupas Pop, o que acontece quando se toca rock com guitarras portuguesas.
O que uniu Tó Trips e Pedro V. Gonçalves foi a música de Carlos Paredes. Mas o que une Carlos Paredes aos velhos westerns de Sergio Leone. A resposta os Dead Combo a banda que se uniu para gravar uma música de homenagem a Carlos Paredes. O som dos Dead Combo é difícil de definir mas uma imagem que me vem à cabeça quando penso nos Dead Combo é a de um Ennio Morricone apaixonado pelo Fado. Mas se os Dead Combo são a melancolia do Fado são também o flamengo, o tango e cuba tudo ao mesmo tempo. Com já três álbuns lançados tendo o último álbum “Lusitânia Playboys” sido lançado à pouco tempo os Dead Combo são já uma das bandas mais importante do novo movimento musical português. Os Dead Combo são a banda sonora do que é ser português sem esquecer o mundo.
Mas se os Dead Combo e os A Naifa são os principais rostos do world music que se faz em Portugal este não termina neste dois nomes. Os München banda que possui membros dos Pinhead Society, são bastante influenciados pelos sons que se fazem por esse mundo fora, já fizeram parte dos novos talentos da fnac. Os Deolinda banda irmã dos München fazem Fado sem melancolia e guitarra portuguesa e com pouco de humor. Outros são os nomes de portugueses em sintonia com o mundo. Para ver estes nomes e outros de outras partes do globo é preciso movermo-nos até Sines por época do FMN (Festival Músicas do Mundo) para lá entrarmos em comunhão com a melhor música do mundo que se faz sem fronteiras.

Dead Combo - Putos a Roubar Maçãs


A Naifa - Monotone

No Kids


O que fazer quando até no panorama alternativo se vai contra a corrente, o que fazer quando se é mais alternativo que os alternativos. Talvez a resposta a esta questão esteja em fazer um álbum pop sem os clichés da cultura indie actual.
A capa de “Come Into My House” é quase um retrato de um final de tarde primaveril talvez em plenos anos 50 ou 60. E que melhor imagem para descrever o som deste grupo canadiano que faz música despretensiosa para ouvir ao final da tarde. O título é perfeito é assim que queremos receber as pessoas em nossa casa. O pop é clássico mas levemente polvilhado com sons electrónicos, que os No Kids não têm medo de associar a um R&B inteligente (e bastante nerd até) que dá mais corpo a estas canções.
Vale a pena relaxar ao som destas músicas adultas tocadas por estas pessoas com muita noção da sua criança interior ao contrário do que refere o título.

Robert Forster


As parecenças encontradas nos caminhos musicais de Robert Forster e Stephen Malkmus são inegáveis. Líderes de bandas indie importantes nos finais dos anos oitenta e durante os anos noventa, que abandonaram as respectivas bandas para abraçar uma carreira a solo. É por mero golpe do destino que apenas um deles se tenha tornado querido para toda a comunidade indie. Dito isto existem dois pontos a reter, que são os seguintes nem os The Go-Betweens são os Pavement nem Robert Forster é Stephen Malkmus.
Enquanto Malkmus continua numa carreira com os The Jick nem sempre muito ortodoxa, por seu lado Robert Forster acaba de lançar “The Evangelist” o seu mais recente álbum e talvez o seu mais inspirado álbum a solo.
Grant McLennan antigo companheiro de Forster nos The Go-Betweens, faleceu em 2006 deixando os fãs da banda órfãos. Mas em “The Evangelist” Robert Forster fez questão de mostrar a voz de Grant McLennan por uma última vez. Assim é “The Evagelist” um disco de música intensas que mostra a dupla Forster/McLennan numa da suas épocas mais inspiradas. Este álbum é o ponto final dos The Go-Betweens e um ponto alto na carreira de Robert Forster.

The Dodos


Em pleno século XXI Meric Long e Logan Kroeber pegam na guitarra acústica e trazem-nos de volta o Folk na verdadeira ascensão da palavra. Deixando as produções pesadas exigidas pela indústria de lado este duo de São Francisco não tem medo de mostrar o “Freak” do seu “Folk”. Em “Visiter” o segundo álbum da banda temos os blues típicos americanos vestidos de cores berrantes e a gritar para serem libertados. Embora possamos encontrar no meio destas 14 canções músicas que podem ser descritas com Folk Pop mais clássica a fazer lembrar bandas como os Iron & Wine, Meric Long e Logan Kroeber preferem mostrar um som mais atípico.
Num álbum que promete ser folk as guitarras acústicas não são os únicos lemes de deste barco. Neste álbum a percussão não é de modo algum descurada muito pelo contrário. Os Dodos não têm medo de parecer por vezes uma tribo africana me pleno ritual pagão. Meric Long foge do arquétipo do músico folk tradicional, em “Visiter” Long não dedilha a guitarra, ele luta com ela enquanto Kroeber acompanha esta banda sonora atordoante. São as batidas desconcertantes em comunhão com as guitarras acústicas que fazem de “Visiter” um dos primeiros álbuns de 2008 a ter em conta. “Visiter” prova que existem ainda pelo menos dois Dodos a pisar a terra.

Concertos em Táxis


Mando parar o táxi, o táxi é preto, abro a porta e no banco de trás encontro Carl Newman e Kathryn Calder os outros membros dos The New Pornographers devem ter apanhado outro táxi. Parecem não se terem esquecido dos instrumentos e depressa começam a tocar All The Old Showstoppers. A viagem chega ao fim saio do táxi mas fico a pensar será que encontrarei a Scout Niblett na viagem de regresso

sábado, 24 de maio de 2008

Curtas #4

The Raveonettes


Esta dupla dinamarquesa não esconde uma estética claramente inspirada nos anos sessenta, e um som fortemente inspirado na distorção e batidas irregulares semelhante ao praticado pelos Velvet Underground. De facto a admiração da banda pelos Velvet Underground foi confirmada quando convidaram a baterista Maureen Tucker para o álbum Pretty in Black”. Depois de par de anos sem noticias deste rapaze e rapariga os The Raveonettes voltam com “Lust, Lust, Lust”, neste novo álbum a dupla mergulha mais fundo no shoegaze sem esquecer a distorção e a luxúria.


Mates of State


A ligação entre Kori Gardner e Jason Hammel é tudo menos platónica e esse sentimento traduz-se nas músicas deste casal. Os Mates of State precisam apenas de alguns sintetizadores, teclados e uma bateria tudo isto em comunhão com as vozes deste duo resulta numa indie pop muito inocente. A designação twee assenta na perfeição ao som desta dupla americana. Ela no teclado ele na bateria e uma produção competente chegam para garantir bons álbuns da parte desta banda. “Re-arrange Us” é o álbum mais recente do casal, está cheio de músicas pop capazes de por um sorriso na cara de qualquer, é pop sem desmérito nenhum.

Los Campesinos! Live at Paradiso - Small Hall

A Marcha dos Lobos


É difícil termos uma conversa sobre a nova vaga de bandas vindas do Canadá, sem referir pelo menos um dos membros dos Wolf Parade. Os Wolf Parede funcionam como um colectivo que reúne a nata dos artistas canadianos. Embora não sejam os Broken Social Scene têm membros suficientes para fazerem uma grande festa.
O mais curioso é que esta banda apenas se reuniu devido a um pedido feito a Spencer Krug (membro dos Frog Eyes, Sunset Rubdown e Swan Lake) pelos ainda então desconhecidos Arcade Fire que precisavam de uma banda que os acompanhasse na turnê para promover o álbum “Us Kids Know”. Com um prazo apertado para cumprir Krug pediu auxiliu à unica mente criativa capaz de rivalizar com a sua sua, foi assim que Dan Boeckner (Atlas Strategic e Handsome Furs) se juntou a Krug.
Algumas semanas passadas e a dupla já tinha material suficiente para embarcar na turnê, mas para que este projecto funcionasse eram preciso músicos suficientemente talentosos para trabalhar esse mesmo material. Foi assim que se juntaram à dupla Dante DeCaro (Johnny and the Moon e Hot Hot Heat), Arlen Thompson e Hadji Bakara. Em 2005 os Wolf Parade lançam o seu primeiro álbum e as críticas bastante positivas a “Apologies to the Queen Mary” já fazem parte da história da cultura pop.
Estamos agora em 2008 e os Wolf Parade já são considerados uns dos principais nomes da nova vaga musical do seu país, eles voltam agora com um novo álbum “At Mount Zoomer”. A expectativa em redor da nova criação de Krug e Boecner é bastante elevada, depois de “Apologies to the Queen Mary” todos estamos à espera de uma espécie de fusão entre os Handsome Furs e os Sunset Rubdown em vez de uma metade Handsome Furs e outra Sunset Rubdown. Pelo que pude decortinar nos meandros da internet o álbum possui a mesma consitencia instrumental do seu antecessor e as vozes de Krug e Boeckner continuam a incendiar as letras da banda. Para conter a expectativa aqui fica um aperitivo para o novo álbum dos Wolf Parade a nova música “Call it a Ritual” tocada ao vivo na La Sala Rossa.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Entrevista com os MGMT

"Pete Doherty is a Fuckhead"



in "Phonogram" by Kieren Gillen and Jamie McKelvie

Máquina do Tempo #1


O ano era 1996 e o acontecimento era uma banda vinda de terras lusas. Os Pinhead Society eram um grupo de miúdos vindos de Lisboa que prometiam demasiado. Estávamos numa época onde Stephen Malkmus lutavam com os Sonic Youth pelo titulo de melhor banda Indie da década. Enquanto isso em Portugal Mariana Ricardo, Joana de Sá, Nuno Pessoa e André Ferreira formavam a banda que prometia salvar o panorama musical alternativo nacional. Foi no ano de 1998, que “Kings of our Size” entrava nas prateleiras das lojas logo para aquela zona muito restrita dedicada música alternativa local que não estava habituado a receber projectos nacionais. Em “Kings Of Our Size” ouvíamos os riffs de guitarras típicos dos anos 90 que nos levavam de canção em canção, mas ouvíamos também a voz melancólica da vocalista Mariana Ricardo que em nada ficava a dever a melancolia do próprio Billy Corgan. O álbum mostrava uma atitude pop muito próxima da identidade inglesa, enquanto não tinha medo de assumir que o seu âmago era a música rock americana dos anos noventa. É difícil ouvirmos os Pinhead Society e não fazer comparações com os Pavement ou mesmos os Sonic Youth com chegaram a partilhar o mesmo cartaz. Mas ao mesmo tempo sentimos nos Pinhead Society um identidade própria da realidade portuguesa. Quando olhamos para a carreira meteórica dos Pinhead Society é difícil não sentirmos uma certa tristeza por tudo ter acabado tão depressa, e somos quase obrigados a imaginar se a história não teria sido diferente no mundo dos blogues e dos myspaces que vivemos hoje em dia.
Mas aconteça o que acontecer “Kings of our Size” será sempre a resposta lusa à década de 90. Com “Kings of our Size” nós em Portugal tivemos em primeira-mão o retrato fidedigno de uma juventude com medo de crescer, enquanto o resto do mundo teve de esperar por “High Fidelity” de Stephen Frears.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Desculpe eram uns Architecture in Helsinki para levar

IndieLisboa '08


Por esta altura mais um Indie Lisboa terminou e está na altura de se fazer o rescaldo de mais uma edição que trouxe o melhor do cinema independente mundial a Portugal. O festival que todos os anos promete ser o paraíso para a maioria dos cinéfilos que tentam fugir às grandes salas cinema, contou com as homenagens a Johnnie To, a José Luis Guerin e ao Novo Cinema Romeno. Este ano pude ver nas várias salas de cinema de Lisboa que acolheram o festival alguns filmes do meu agrado entre eles o filme romeno de Thomas Ciulei filho do realizador Liviu Ciulei, Flower Bridge um documentário centrado numa família moldava, que luta para se manter unida numa pequena vila do interior depois da partida da mãe para Itália. O filme conta as participações de Costica e os seus filhos que relatam as tarefas diárias numa narrativa semelhante à de um diário. Pude também assistir a Pas a Nivell um fime do realizador espanhol Pere Vilá, o filme conta a história de um rapaz com medo de crescer. Uma das primeiras cenas do filme mostra o protagonista a pedir à sua professora para que o reprove para que isso o impeça de terminar o seu curso. O filme mostra um rapaz que deambula pela cidade perdido em si mesmo tendo como única referencia a sua avó, que morre mais tarde no filme deixando-o ainda mais perdido. A narrativa de Pere Vilá causa algum desconforto ao público provocado pela acção inexistente no filme.
Do cartaz do IndieMusic que contava com grandes filmes com Lou Reed’s Berlin ou Patty Smith – Dream of Life pude a assistir a The Field Guide to North America o documentário que serve de registo à melhor música indie que se faz nos EUA e Canadá. O filme é uma compilação de videoclips de alguns dos melhores artistas actuais dentro os quais se destacam Johanna Newsom, Devendra Banhart, Wolf Parade, Fiery Furnaces e Smog. O filme peca apenas por não construir um registo documental à volta dos vários videoclips.
No que toca ao panorama nacional tive a oportunidade de assistir ao filme Via de Acesso vencedor do prémio para melhor longa metragem nacional. Este documentário é o retrato da vida das pessoas, nos subúrbios de Lisboa. É a voz dos bairros clandestinos que crescem nas saídas da capital.
Para mim um dos pontos fortes deste festival foi o filme do grego de Alexander Voulgaris, Pink o nome da cadela do protagonista, interpretado pelo próprio realizador, serve de titulo para o filme. O filme percorre uma narrativa já conhecida aos fãs de um tal de Richard Linklater, é um filme de relações umas mais comuns que outras. Vassilis Galis o protagonista sofre com os sentimentos que o perseguem.
Para terminar num registo mais leve temos Help! o filme de Johnnie To gravado em 27 dias que conta história de um hospital onde os médicos não tratam dos doentes, as enfermeiras não ajudam os médicos e os auxiliares de limpeza não limpam. É uma comédia negra ao estilo de Johnnie To.
O Indie Lisboa promete voltar para o ano com mais uma grande programção dos melhores filmes indie que se fazem nos quatro cantos do globo.