terça-feira, 26 de julho de 2011

Entrevista com as Pega Monstro


São duas irmãs, são Lisboetas, fazem parte da Cafetra Records e têm uma música sobre Paredes de Coura. Dão pelo nome de Pega Monstro e lançaram recentemente o ep “Juno-60 Nunca Teve Fita” conjunto de temas gravados no ano passado. Desde o ep já tocaram no Milhões de Festa e fizeram furor entre esquinas e travessas onde frases como “Ó Bernardino tu de Fachada não tens nada” ainda ecoam.

Começando pela pergunta da praxe, quem são as Pega Monstro?
A Maria (17 anos), que é guitarrista e vocalista, e a Júlia (19 anos), que é baterista e também canta umas coisas. Somos irmãs.

As Pega Monstro nasceram d’Os Passos em Volta, como foi a passagem desse projecto para as Pega Monstro?
Foi uma passagem natural. Algum material de som veio para a nossa casa e começámos a tocar as duas. Mas ainda estamos com Os Passos em Volta, vai sair um álbum brevemente.

Como foi a experiência de gravar o ep O Juno-60 Nunca Teve Fita? E já agora podem fazer alguma luz sobre a referência obscura ao Juno-60.
Foi divertido, nunca tínhamos gravado em estúdio e foi fixe fazê-lo com o João Chaves. É uma piada que não pode ser desvendada.
A estética noise está muito presente nas músicas que conhecemos da banda, existe uma identificação da vossa parte com outras bandas Lo-fi? E como funciona a criação artística na vossa banda?
Sim, existe essa identificação. O material que utilizámos não permite um som muito limpo, e por isso, diríamos que é, ao mesmo tempo que um opção estética, uma necessidade.

A simplicidade parece ser o vosso mote, esta simplicidade está para ficar ou já existem planos para um crescimento do projecto.
Não sabemos muito bem responder a esta pergunta, porque é uma coisa que vai acontecendo, com as músicas que vão sendo feitas.

A vossa editora Cafetra Records segue uma tradição DIY, como funciona toda a editora como a interacção entre as bandas, a produção, a distribuição e o design dos posters da editora.
Somos todos amigos e interessados, e costuma funcionar bem. Cada um tem o seu papel, fazemos o que queremos e podemos.

Quais são os planos para o futuro da banda? Já existem planos para um longa duração e depois de Paredes de Coura qual será o festival representado num futuro projecto.
Existem planos, mas ainda não passam muito de planos. Para já, vamos lançar o álbum de Passos e tencionamos tocar ao vivo. Não sabemos, não é algo pensado e planeado. É o que vier.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Lê Almeida - Mono Maçã


Lê Almeida é Lo-fi em Português com sotaque brasileiro. Embora a idade ainda fosse pouca no início dos anos noventa, as bandas Lo-fi/Noise que nessa época surgiram são material fundamental na formação do músico. Porque basta ouvirmos as músicas deste carioca para percebermos que Lê Almeida está muito mais próximo de uns Guided by Voices, do que da maioria dos seus contemporâneos que todos os dias criam algo a partir do seu quarto directamente para o bandcamp.

De sua autoria, fazem já parte vários ep’s cada um destes universos de experimentação pura representam uma das múltiplas facetas deste músico a quem o talento parece nunca faltar.

Mono Maçã é o seu primeiro longa duração, onde Lê Almeida mantém a produção Lo-fi que era marca de água dos seus anteriores trabalhos. Os vocais gingões de sotaque solarengo continuam abafados pelas distorções que formam os espaços alucinogénicos de uma simplicidade formal que poucos conseguem manter com tão bons resultados.

Neste novo álbum o artista recicla as guitarras distorcidas e as vibrações delirantes dos seus últimos trabalhos e aposta na diversidade dos espaços lisérgicos que nos furam a massa cinzenta.

O mais recente trabalho do músico brasileiro confere-nos um lugar de charneira para o cérebro criativo deste músico que quase sempre roça no brilhantismo.


Angels in America (Moppy Pont & Merv Glisten)


Os Angels in America nada têm a ver com a peça de Tony Kushner, a banda formada por dois jovens que se transformam nas personagens Moppy Pont e Merv Glisten é apadrinhada por Thurston Moore que depois de ouvir o trabalho deste duo excêntrico fez questão de os editar através da sua editora Ecstatic Peace!. A experiência auditiva proporcionada pelo duo é de difícil definição, a tentativa de encontrar pontes de referência ao trabalho destes dois, levar-nos-ia por caminhos de cariz obscuro. Na verdade os Angels in America podem proporcionar uma experiência que quase sempre nos deixa um sabor de frescura estilística e pureza sonora.

A música do duo não nos deixa espaço para interpretações, pois quando menos imaginamos somos engolidos por um vórtice de prazeres sórdidos e letras que vão buscar a cadência à spoken word. Para além da construção semi-poética das suas letras as suas actuações assemelham-se a uma performance artística imbuída uma insígnia onírica.

Quem quiser conferir todas estas idiossincrasias da banda, vale a pena procurar o longa duração da banda Narrow Road To The Interior.

mynameisindie TV #9


Bill Callahan – America. Directed by Okay Mountain.


A Dead Forest Index - Distance. Directed by Leah Robertson.


Sufjan Stevens - Get Real Get Right. Directed by Sufjan Stevens.


U.S. Girls - If these Walls Could Talk. Directed by Molly Landergan.


Trust - Candy Walls. Directed by Eva Michon.


quarta-feira, 6 de julho de 2011

Surrealismo Cósmico


James MacCarthy é um artista plástico que se dedica à criação de paisagens que se podem definir como surrealismo cósmico. Segundo o autor as suas influências prendem-se conceptualização dos surrealistas e a utilização da luz e das texturas de Bosch. A partir das paisagens o autor parte para estruturas biomorficas, que traduzem a essência dos sonhos.



segunda-feira, 4 de julho de 2011

The Palace of Light (Revisited)


The Palace of Light (Revisited) é o último trabalho do artista videográfico e músico Yoshi Sodeoka. Este projecto digital de cariz psicadélico é um trabalho encomendado pelo produtor E*Rock. Os anteriores trabalhos do artista prendem-se com criação destes meta-universos videográficos e da sua recontextualização.

domingo, 3 de julho de 2011

Too Young To Think of Dying - Búfalo


O ep Too Young To Think of Dying não foi uma descoberta per se mas sim uma espécie de prenda. Lançado pela banda brasileira Búfalo, este ep nascido das mentes de Renan Pamplona e Felipe Mattos, não escondem a suas influências. Sempre com um local em mente as seis músicas do ep encontram-se num chillwave com inspiração de bandas como Toro Y Moi e Wavves. Muitas das novas bandas que estão neste momento a aparecer no bandcamp partilham o género com os Búfalo, existe porém algo que os separa da maioria dessas bandas. É algo que se encontra algures entre a simplicidade formal e o desejo de não se levarem a sério, que fazem valer a pena tomar atenção às seis músicas da banda que tem a dosagem necessária diária de reverb e distorção que o nosso organismo necessita. O resultado fica aquém das influências contudo vale a pena ficar para ouvir e esperar o que o futuro guarda para o depois de “Too Young To Think of Dying”. Não se esqueçam de fazer o download legal do ep no bandcamp da banda.

Ilustração #10





sábado, 2 de julho de 2011

Ghost Bees NO MORE...


A internet tem destas coisas, numa daquelas pesquisas à procura de novas bandas surgiu-me uma banda que eu julgava perdida no meio de tantas outras. As irmãs gémeas de Toronto Ghost Bees lançaram em 2008 o EP Tasseomancy que se fartou de passar no meu ipod. Mas no meio das novidades que acabam por renovar o meu ipod o nome delas foi um daqueles que eu perdi com o tempo. Redescobrias agora com um novo nome, no período que passou desde 2008 o duo cresceu incorporando na suas músicas novas influências que as remetem para um espaço perto do paganismo, com influências como canções hebraicas e rituais pagãos. O duo achou que a mudança no som da banda merecia um rebaptismo, renascendo como Tasseomancy, um nome que segundo o duo está mais perto som que as duas fazem actualmente. Tasseomancy significa aquela que lê as folhas de chá. Com o álbum ULALUME com data marcada para 30 de Agosto, aqui fica o vídeo “Heavy Sleep” que prova que o psych folk está longe de morrer.

Imagem e Música


A imagem realizada tornou-se algo quase intrínseco à música pop, este conceito foi exportado para o mundo através da MTV. No inicio dos anos oitenta esta televisão norte americana que se auto intitulava a televisão da música popularizou em todo o mundo a noção do videoclip ou teledisco. Se a mesma não inventou o conceito a ela se deve contudo a sua introdução na cultura de massas. Esta linguagem do videoclip foi mais tarde até incorporada na criação “artística” de Hollywood, enraizando-se na cultura visual mundial. Esta massificação da cultura pop tornou quase impossível a existência musical, sem esta bengala videográfica. O declínio dos padrões até níveis lamentáveis da MTV acompanhada pelo declínio da indústria remeteu o videoclip para nível de spot publicitário.
Em 2006 aproveitando a popularidade do recém-criado youtube, o realizador independente Vicent Moon conhecido pelos seus vídeos criados para bandas independentes, criou um novo conceito que se encontrava entre o videoclip e a gravação de concertos ao vivo. Criados para o site La Blogothèque os Take-Away Shows de Vicent Moon nasciam da ideia de gravar a actuação de músicos Lo-fi em locais estranhos e pouco comuns. A maioria dos músicos tocaria com instrumentos acústicos ou com aquilo que encontrassem no local. A ideia funcionou graças ao bom gosto dos músicos escolhidos e o talento da realização de Vicent Moon que assentam numa estética própria que onde o contraste, as tonalidades amarelas e pretas predominam. Os Take-Away Shows contaram no inicio com músicos como os Animal Collective, Jens Lekman, Xiu Xiu ou os Arcade Fire em inicio de carreira a tocarem num elevador. Rapidamente o sucesso desta iniciativa deu origem a uma nova linguagem que foi assimilada por outras plataformas, como as Black Cab Sessions que colocavam os músicos num táxi de forma semelhante à In a Van Session.


Take-Away Shows

E como Portugal não é totalmente indiferente a estas tendências, também neste pequeno país se começa a ver a produção nacional no meio destas investidas. Um desses projectos de divulgação videográfica dos artistas portugueses é a Videoteca Bodyspace, nascida com uma espécie de spin-off do site Bodyspace. Já com morada autónoma a Videoteca não se resume à divulgação nacional estando sempre com um pé no estrangeiro. Com uma vertente urbana a Videoteca Bodyspace pressupõe na sua formação uma intervenção no espaço público. Para além das salas de ensaio comuns, os artistas interagem também com o espaço envolvente. As suas virtudes prendem-se com a simplicidade e a curiosidade que conferem às sessões uma pureza estética que nos conduz ao talento dos artistas escolhidos. Até agora o projecto conta com 33 sessões dos quais já fizeram parte nomes como Norberto Lobo, Dreams, My Brightest Diamond, Youthless e Tiago Sousa.


Videoteca Bodyspace

Para além do projecto da Videoteca Bodyspace podemos enunciar o projecto de Tiago Pereira, A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria. Que não se trata da apropriação desta estética de Vicent Moon mas sim da continuação do trabalho iniciado por Tiago Pereira nas suas longas-metragens. Pegando nas diferentes tonalidades da música portuguesa Tiago Pereira faz uma viagem por estas camadas que formam “a música portuguesa”. Sendo Tiago Pereira a cabeça do projecto, a realização destas pequenas curtas contam também com os trabalhos de Joana Barra Vaz, Nélia Marquez Martins e Carolina Simões. É impossível dissociar estas já centenas de gravações do restante trabalho de Tiago Pereira. Uma das características principais do trabalho de Tiago Pereira é a libertação dos snobismos muitas vezes presentes nos trabalhos etnográficos. Tiago Pereira retrata com a mesma beleza e pureza a Tia Benedita ou os Linda Martini. Este é sem dúvida um dos projectos que mais vale a pena acompanhar e viajar com ele pelos diferentes cantos desta música portuguesa.


A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria

Para terminar refiro ainda o programa Toca e Foge, a música em Portugal tem estado na sua maioria arredada do pequeno ecrã ficando reduzido a um programa de listas que pouco tem a ver com música. O Toca e Foge é um programa do canal que colado à estética de Vicente Moon, que coloca os músicos nos tais ambientes estranhos e que nos entre meios os entrevista, com uma estética próxima de um processo cruzado que fica bem nas coisas que são da “cena”. O programa é da autoria de André Penim, apresenta uma grande variedade de músicos que nem sempre prezam por qualidade consistente. Mas vale a pena congratular este programa que tenta colmatar uma falha das grelhas televisivas.