sábado, 28 de maio de 2011

Ducktails!!!


Ducktails é nome do projecto a solo de Matt Mondaline, um projecto onde a pop psicadélica assenta na areia da praia. Para além de Ducktails este rapaz de New Jersey faz também parte da banda Real Estate. Enquanto Ducktails, Matt Mondaline faz parte do mesmo movimento chillwave de Neon Indian, Washed Out e Toro Y Moi, podemos ver o inicio da formação de um padrão se observarmos a últimas bandas referidas aqui no blog.

As diversões a solo de Matt Mondaline também já foram descritas como pertencentes a uma pop hypnagogic, este termo é recente e refere-se ao tipo de música feito por um novo grupo de artistas que fazem música com sintetizadores a partir dos seus quartos e que com a sua música evocam estados hipnagógicos que se referem aos estados de limite de consciência com sonhos vividos e alucinações.

Formalmente a música trata-se de encontros sintéticos, povoados por ruídos que dão origens a abstracções de consciência. As praias que nascem das músicas de Mondaline são sintéticas enascem do seu gravador de 8 faixas.

Da sua discográfica fazem parte o seu disco homónimo, Landscapes e o III: Arcade Dynamics lançado este ano. Neste álbum a produção continua lo-fi e é essa produção que define a estética do álbum. Quase sempre presente está também a inspiração de tal urso panda. Podemos encontrar diamantes em bruto neste ábum como "Art Vandeley" ou "Hamilton Road".

Ao ouvir os diferentes álbuns de Matt Mondaline enquanto Ducktails podemos pensar que o seu objectivo é ir de gravador na mão gravar o verão, perdido nas ondas que chegam à praia, só que esta viagem nunca termina na areia e as diferentes camadas das músicas de Mondaline transportam-nos sempre para episódios psicadélicos que nos remetem de volta para as abstracções gravadas no seu quarto.

Wild Beasts - Smother


Smother é o terceiro álbum da banda inglesa Wild Beasts, os dois álbuns anteriores foram muitíssimo bem recebidos pela critica, tendo mesmo vindo a ser nomeados para o Mercury Prize que acabaram por perder para os The xx. Smother nasce da ressaca dos álbuns anteriores, contudo o sucesso não teve um papel preponderante na construção musical deste álbum, a banda preferiu abstrair-se desse ruído entrando num canal de experimentalismos, onde construíram algo fundamentado por cada uma das peças que constituí a banda de Kendal.

Longe das manias e idiossincrasias que modulam as modas que influenciam o mundo da música, os Wild Beasts neste terceiro álbum continuam a ser um colectivo igual a si próprio, único naquilo que a pop diz respeito. Mais maduros em Smother, o álbum traduz uma peça muito focada onde desejo e a sensualidade transpiram dos poros de Smother.

As peças que formam Smother encaixam na perfeição traduzindo a segurança nesta construção pop. A voz de Hayden Thorpe mais assente no chão, não fugindo tantas vezes como nos anteriores trabalhos para as loucuras em falsete do passado. Apresentando aqui uma maturidade e estabilidade que revelam um controlo muito superior do seu oficio. A precursão de Talbot cruza-se na perfeição com a guitarra angulosa de Little e os ambientes criados por Fleming.

Neste álbum o quarteto pareceu querer reduzir tudo ao estritamente necessário, pintando partes do quadro com pinceladas mais electrónicas, a banda cria uma intimidade, onde as pequenas variações melódicas provocam grandes tempestades criativas.

Esta contenção contrapõem-se ao desejo presente nos entremeios das construções melódicas da banda, como se pode ouvir em “Bed of Nails” onde os murmúrios sexuais de Thorpe se conjugam com as camadas melódicas que transcrevem este prazer auto-erótico que transparece nos restantes temas do álbum. O tom predatórioem “Plaything” onde quase sentimos o morder de lábio de Thorpe quando se ouve “Take off your Chemise”.

São estes os ambientes que se ouvem em Smother e que já haviam sido antecipados por “Albatross”, este terna sedução preenchida pela inquietação destes lugares melódicos que nascem desta construção em camadas que se traduz em canções onde tudo parece simples, belo, limpo do ruído e principalmente perfeitamente conseguido.

Ilustração #9








Caged Animals - Girls on Medication


Caged Animals é um título perfeito para esta banda de Brooklyn, porque é de animais enjaulados que se tratam as músicas da banda. Um raiva reprimida, enjaulada numa selva de betão com prédios assentes em shoegaze que se forma no feedback criado pelos riff das guitarras. Vincent Cacchione é homem por detrás de Caged Animals.
A mais recente criação de Vicent Cacchione enquanto Caged Animals é a música Girls on Medication que surge do ruído para se tornar uma música pop com camadas oníricas que aparecem na sua retaguarda. Lançado pela Lucky Number do ep Girls on Medication para além da música título faz também parte a música Transparent Castle.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Danger Beach - Apache


Danger Beach é uma das personas de LA Thomas umas das metades da banda ASSASINS 88. Do seu álbum estreia “Milky Way” lançado pela Dream Damage em 2010, fazem parte oito pérolas surf pop, muitíssimo bem instrumentalizadas.
Uma dessas pérolas é Apache uma das músicas de “Milky Way”, esta canção de Danger Beach foi animada brilhantemente num videoclip por Ned Wenlock. O videoclip de Ned Wenlock capta a vertente narrativa da música que tal como o videoclip se constrói num loop narrativos onde os acontecimentos se desenvolvem sem nunca alterar o cerne narrativo. No meio desta construção onírica um pequeno índio com a sua guitarra atravessa as camadas instrumentais de Apache de Danger Beach.

Washed Out - Eyes Be Closed


Ernest Greene é o nome de baptismo do artista Washed Out, também ele a mover-se no chillwave, casa de artistas como Ariel Pink, Toro Y Moi ou Neon Indian.
Depois desta curta apresentação é preciso referir, que depois de vários ep que aguçaram a excitação para este projecto, a data de lançamento do primeiro longa duração “Within and Without” está marcada e será dia 12 de Julho. Para já foi-nos apresentado “Eyes Be Closed” a primeira amostra de “Within and Without”. A pop feita a partir do quarto de Ernest Greene continua a ser apurada e certeira, em baixo fica vídeo não oficial, feito por Patrick Partridge musicado pelo tema “Eyes Be Closed”.


Blackbird Blackbird


Esta banda norte-americana radicalizada na zona de São Francisco, cujo nome se forma a partir da repetição da palavra Blackbird, chega-nos aos ouvidos através de espaços lacónicos onde o psicadelismo electrónico, com vocais perdidos em construções de um abstraccionismo melódico no embala as audições.

É nesta confusão de adjectivos que podemos encontrar o som deste colectivo de São Francisco. O tema Pure aqui apresentado faz parte do primeiro longa duração da banda “Summer Heart”. Mas vale também a pena procurar os primeiros ep´s dos Blackbird Blackbird onde a banda apresentava uma maior liberdade formal na construção dos temas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Maia Flore - Sleep Elevations



Maia Flore é uma fotógrafa francesa que recentemente colaborou com a banda Minor Sailor, no seu portfólio descobrimos uma série denominada “Sleep Elevations” onde a artista se debate com temas como o conforto e o sono, utilizando sempre no seu trabalho uma estética onírica.




sexta-feira, 20 de maio de 2011

Youth Lagoon


Youth Lagoon é o projecto em nome individual de Trevor Powers um jovem de Boise. Os temas que se podem encontrar na internet remetem para um Perfume Genius menos intenso e com menos tendências suicidas. A verdade é que os temas prometem imenso, a sua cadência melódica onde se entremeiam os sentimentos de Trevor que pingam a cada palavra perdida no meio do reverb. Estes sentimentos e inquietações que o músico resolve na perfeição nos seus temas. É um prazer procurar as palavras de Trevor que se escondem nas múltiplas camadas das suas canções. O seu primeiro álbum foi todo gravado numas férias de natal, e nasceu da transferência de tudo aquilo que sentia na altura para um piano. Nos temas gravados o músico viaja por uma corrente melancolia que se agrupa às composições alternativas do músico. Os temas July e Cannons podem ser descarregados no site bandcamp. O seu primeiro álbum“The Year of Hibernation” sai dia 5 de Julho pela Juno Beach, até lá fica o vídeo de Montana feito por um fan, o tema fará parte do primeiro álbum.


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Bon Iver - Calgary


O álbum homónimo da banda Bon Iver que segue ao álbum de estreia “For Emma, Forever Ago” de 2007 tem data de lançamento marcada. O dia 21 de Junho será o dia que marcará o regresso da banda do Wisconsin. A um mês do lançamento do álbum a banda liderada por Justin Vernon, Christopher James Baron um fã resolveu lançar um vídeo para Calgary uma das cidades que fará parte do álbum. A música que já podia ser tinha sido colocada para download legal na internet, remete-nos de volta para os espaços melódicos que a banda deu conhecer no seu álbum de estreia. Temos então de esperar mais um mês para ouvir as dez canções de “Bon Iver” cantadas por Justin Vernon até temos o vídeo de Christopher James Baron.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Entrevista com O Cão da Morte


O Cão da Morte é o projecto do cantautor Luís Gravito músico de Odivelas que lançou em 2010 numa edição de autor o álbum “Trovas Intravenosas”, onde Luís Gravito se transformou na banda O Cão da Morte, multiplicando-se entre vários instrumentos. Nesse álbum o autor criou uma atmosfera simplista onde as instrumentações acompanham a voz profunda em que cada palavra é jogada com a mestria de um autor para quem a palavra faz parte da melodia. Ontem o autor de “Trovas Intravenosas” lançou no bandcamp o seu mais recente álbum, a propósito deste lançamento Luís Gravito aceitou responder a umas questões no mynameisindie.




Como aconteceu a transformação de Luís Gravito em O Cão da Morte?

A transformação aconteceu por timidez. Quando comecei a fazer música tinha quinze anos e pouco que fazer. Dedicava-me a gravar canções no meu quarto, com condições ainda mais precárias que as que tenho hoje. Um dia tive vontade de criar um myspace e mostrar essas canções sem que ninguém soubesse quem era. O nome em si surgiu de uma forma espontânea: uns dias antes tinha encontrado no meu quarto o livro Cão da Morte da Agatha Cristie, que li em criança. Juntei isso ao facto de ser fã de Mão Morta e à vontade de ter um projecto que explorasse letras mais negras. Ficou o nome mas desapareceu o anonimato quando comecei a ter convites para dar concertos e a ter fotografias minhas por aí.

Que tal é Odivelas como berço das tuas canções? Qual a influência deste meio na música d’O Cão da Morte?

Eu nasci em Odivelas e desde esse dia que vivo no mesmo bairro (o casal do Chapim). Foi também em Odivelas que fiz amigos e estudei até há cerca de um ano (quando entrei para a faculdade, em Lisboa). Durante algum tempo tive uma relação de amor e ódio com este sítio, até que cresci um pouco e percebi que era bem mais amor que ódio. Percebi ainda que aqui tinha vivido coisas que dificilmente encontraria em Lisboa ou noutro lugar. Despertou em mim um sentimento de pertença e uma vontade de cantar sobre este sítio, de uma forma pessoal, íntima e despretensiosa. Desde o meu primeiro EP de 2009 que faço referências aos subúrbios e a histórias minhas ou histórias de que ouvi falar. Não sou um cronista muito verosímil porque modifico as histórias da forma que bem me apetece. Acredito que um dia possa deixar de escrever sobre espaço, tal como acredito que um dia possa deixar de fazer música, mas, para já, continuam-me a surgir imagens e ideias Odivelenses quando estou a escrever uma letra.

Quais foram as ideias e influências com as quais partiste quando começaste a escrever as canções? Como foi a produção deste novo álbum?

Parti para este trabalho com a vontade de ter um disco de banda. Além da música que ouço, que é bastante variada, penso que as minhas principais influências foram os amigos que têm bandas e que me vão fazendo "inveja" por terem um resultado final que só pode vir da partilha. Claro que no meu EP e LP Trovas Intravenosas já tinha partilhado canções (por exemplo, a Lixo foi escrita a meias com o Suricata), mas senti vontade de intensificar esse processo e criar em conjunto. Então, escrevi as canções e em Setembro do ano passado juntei o Coelho Radioactivo, o Rafael Silver, o João Nada e o Nuno Pontes na casa de uns tios meus algures meus no Ribatejo. Gravámos lá a base de todas as músicas e ainda nos divertimos imenso, numa semana que lembramos com saudade.
Depois disso, voltei para Odivelas com essas bases no computador e fui chamando músicos para acrescentarem instrumentos (Silas Ferreira, Éme Pega Monstro, etc...) Fui ainda ao porto gravar os sopros, a Gaia gravar as participações do Suricata e a Aveiro gravar o contrabaixo e outros instrumentos do Coelho. Já em 2011, fiz as misturas com o Rafael Silver e entreguei a masterização ao Paulo MIranda.

Quais as principais diferenças entre “Trovas Intravenosas” e este novo trabalho?

Vou saltar o facto deste disco ser o primeiro com banda, porque já falei disso na questão anterior, e falarei então de outras diferenças. Em primeiro lugar, este disco foi pensado antes de ser gravado, ou seja, quando fui para a Chamusca já tinha a setlist final e já tinha uma visão bem definida para cada arranjo e para cada música. Claro que a influência dos músicos trouxe coisas novas e muitas coisas acabaram por me surpreender, mas, a base já estava pensada. Nas Trovas Intravenosas e também no meu primeiro EP nada foi pensado, fui gravando músicas em casa e quando me apeteceu agrupei-as em disco.
Talvez este disco tenha ainda uma sonoridade mais Rock que os outros. Quanto ao conteúdo e ao "tipo" de canções não consigo comparar muito bem porque nem as das Trovas Intravenosas ou as deste disco foram pensadas para "ser alguma coisa" - simplesmente apareceram.

Como funcionou a colaboração neste novo álbum com o Coelho Radioactivo?

O Coelho e o João Coração são talvez os amigos com quem colaboro há mais tempo. Foi o Coelho a primeira pessoa a quem mostrei as canções deste disco, numa madrugada de Agosto, num jardim de Odivelas. Ele sacou logo arranjos, segundas guitarras e vozes, e começámos a solidificar as coisas. Já na Chamusca, surpreendi-o e pedi-lhe para gravar a Porteiro, uma canção dele que considero ter uma linguagem muito adaptável ao meu imaginário. O Coelho é um guitarrista virtuoso que, apesar de saber muito, sabe dar apenas a nota que interessa, ou seja, não se perder na sua técnica. É um músico criativo, com muito bom gosto e um amigo para a velhice. Em Julho vou gravar um EP com ele, que há-de sair em Setembro.
Colaborar torna-se indispensável quando tens amigos que admiras imenso. Por exemplo, quem já viu um concerto d'Os Passos em Volta ou dos Kimo Ameba percebe perfeitamente quando digo que seria parvo se não tivesse vontade de os ter no meu palco. Mesmo neste disco, uma das suas coisas que mais me agrada é pensar que em 13 canções consegui juntar amigos como o Suricata, o João Nada, o Éme, as Pega Monstro, o João e o Jaime (criadores de hip-hop em Odivelas), o Silas dos Pontos Negros, entre tantos outros. Acho que vale a pena ouvir o disco nem que seja por isso.
O ano de 2011 foi e continuará a ser um ano de muitas colaborações. Fui corista do João Nada, do Coelho Radioactivo, do C de Crochê e do Filipe da Graça. Fui roadie, técnico de som e motorista da carrinha da Cafetra Records em alguns dos seus concertos. Produzi o primeiro EP do Éme e, se ele não mudar de ideias, produzirei o seu próximo disco. Vou colaborar nas gravações do João Nada, do Coelho, do Suricata e vou ainda produzir uma banda de punk que vem mudar muita coisa, chamada Putas Bêbadas. Juntamente com pessoal da Cafetra Records, estou ainda metido numa nova banda que está agora a ter os seus primeiros ensaios: os Egícios.

Agora que as músicas estão disponíveis para audição, quando teremos uma versão mais definitiva já com nome deste projecto?

Espero que o nome e a edição estejam para breve. Para já, chega-me o gozo de saber que este disco está finalmente a ser ouvido por mais pessoas, depois de quase um ano a ganhar pó no meu quarto. Ao contrário do que aconteceu nas Trovas Intravenosas, não tive possibilidades para fazer logo uma edição de autor e começar a vender discos. Além disso, a capa ainda está a ser pintada e ainda nem consegui decidir um nome. Se tudo correr bem, hei-de ter quem me ajude a suportar essa edição lá para Setembro (o Verão não é uma boa altura para editar). Se essa edição por grande azar não acontecer, promete-vos que terão o disco para download legal.