terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Rua

Os Velhos



Margarida do Ó

Youthless no Lounge


A dupla responsável por Telemachy, Alex e Sab vão estar em destaque na Antena 3.
Os Youthless vão ser apresentados por Henrique Amaro no seu programa “Portugalia”.
Em “Youtheless Jukebox” os quatro episódios passados no programa “Portugalia”, os dois membros dos Youthless durante vinte minutos vão apresentar versões acústicas de temas de várias das suas bandas predilectas entre elas The XX, Sonic Youth, Wild Beast e Tv on the Rádio entre muitos outros.
Para além da sua passagem pela Antena 3 os Telemachy apresentam-se este sábado no Bar Lounge no Cais Sodré, num concerto com entrada gratuita.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pós-Fotografia


Quando se pensa em arte fotográfica sabe-se que o filme é peça fundamental na captura do objecto presenciado pela lente, essa realidade tem vindo a alterar-se, nos últimos vinte anos os avanços tecnológicos deram origem a uma era digital. O filme como objecto que conserva o momento fotográfico tem vindo a ser substituído pelo imaterial formato digital.
A foto analógica e o seu referente encerram uma imutabilidade da verdade do objecto visionado pela lente. A película como objecto corpóreo garante a existência do objecto fotografado nem que tenha sido apenas uma existência momentânea, que se reduz ao momento da sua captura. Por oposição à verdade absoluta garantida pelo filme a fotografia digital manifesta-se sem um objecto físico de captura da imagem fotografada, transporta o objecto fotografado para uma “meta realidade” ausente de significado real.
Fazendo um paralelismo com uma peça de barro pronta ser esculpida, o resultado de uma exposição digital é um objecto incompleto e o seu processamento obriga a que a “realidade” seja excluída do objecto final.
O antagonismo entre o analógico e digital obriga a uma reavaliação a estes dois conceitos a que chamamos fotografia. Tendo o filme uma linguagem diametralmente oposta ao processo digital, será portanto falacioso incluir estas duas formas de fotografar num mesmo conceito. Embora derivem do mesmo pressuposto, o da visão do concreto através da lenta e captura do mesmo. A captura não se processa de igual modo, na fotografia analógica a luz reflectida no acto fotográfico molda o filme objecto físico dentro da câmara. Esta transformação naturalista é antagónica ao processo artificial da fotografia digital onde a luz recebida pela máquina é reinterpretada por um aparelho electrónico “o sensor” que traduz a linguagem da realidade numa linguagem abstracta e virtual. Assim no processo digital tal como na pintura clássica onde numa tela branca o pintor traduz informação para a tela, o resultado não é a realidade mas sim uma representação da mesma que pode ser alterada até ao extremo do plasticismo. A informação na câmara digital a transferida para uma tela branca o “o computador” onde o executante pode utilizar a informação traduzida pela máquina em algo mais perto da realidade ou algo conceptual longe da mesma. Mas no final nunca é a realidade mas sim uma representação da mesma. Ao contrário da pintura onde a tela branca confere à obra a sua existência no real nunca no processamento da fotografia digital esta faz parte da realidade. O objecto digital só se torna real quando a informação digital é retraduzida e extraída deste suporte virtual para um objecto real. No caso da fotografia analógica o facto de a informação da realidade ser transferida para o filme um objecto de facto, confere-lhe sempre a sua presença no real.
A fotografia com filme transmite ao espectador uma visão dum momento de realidade, o referente é o referente e nada mais, ao contrário da pintura na fotografia com filme um cachimbo é mesmo um cachimbo.
Na era em que vivemos onde a fotografia analógica se encontra ao dispor de apenas um pequenos grupo de executantes e a mesma é cada vez menos visualizada pelo espectador pode-se dizer que vivemos numa sociedade pós-fotográfica. Nesta sociedade é impossível percepcionar a diferença entre uma foto “real” e uma manipulada, pois não existe diferença entre elas.

Mas esta sociedade pós-fotográfica não se reduz à evolução tecnológica que permitiu a fotografia digital. A própria fotografia pode ser manipulada na câmara escura, mas não é esse tipo de manipulação que me interessa pois esse tipo de manipulação não é a regra mas sim o oposto. A fotografia analógica é a realidade do que aconteceu. Mas essa realidade pode ser manipulada fora da câmara escura. Certas autoridades da sociedade contemporânea utilizam a realidade da fotografia para seu proveito manipulando a verdade intrínseca da foto.
Nesta sociedade pós-fotográfica onde a manipulação é a regra, a fotografia digital impõe-se como uma nova linguagem para um velho género.