sábado, 28 de julho de 2012

Milhões de Festa… Ou Barcelos tem mais encanto na hora da Despedida



É com grande consternação que vos escrevo esta última parte, deste documento que se propõe a descrever a minha passagem pelo festival Milhões de Festa. Este documento é unicamente fundamental a todos aqueles que choram neste momento baba e ranho, pedindo aos deuses a chegada breve do verão de 2013. 

A última tarde do festival foi dedicada ao sightseeing, que foi interrompido pelos concertos na piscina dos Naytronix e os Moon Duo. Os primeiros são metade da banda tUnE-YaRdS, tendo trazido consigo a genial Merrill Garbus para uma participação especial debaixo do cogumelo. Quem fechou a piscina foram os Moon Duo com seu drone psicadélico, que deixou os banhistas à beira do colapso nervoso presos pelas batidas superlativas do duo. 

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A noite em Barcelos começou com duas bandas vindas directamente do festival FMM em Sines, ambas trazendo consigo o aroma dos freaks. Os primeiros trouxeram o sabor do mundo, com um pequeno toque de picante. Os franceses L’Enfance Rouge trouxeram um rock magro que desfraldou as expectativas altas daqueles que os esperavam. No palco Vice tocavam os Memória de Peixe, o duo que trouxe o melhor espectáculo de luzes do festival – onírico. O post-rock improvisado da banda e seus convidados – Da Chick e metade dos Best Youth – trouxe uma mistura bem sintonizada entre os loops delirantes e as camadas dançantes, demonstrando o bom gosto indiscutível da banda. No palco central preparavam-se os hipsters, pois a next-big-thing – hype do caralho – estavam prestes a entrar. Os Alt-J chegaram com os seus penteadinhos muito certinhos que não planeavam desmanchar. Estes camones estiveram em Barcelos perdidos na maior parte da noite, encontrados muito excepcionalmente. A pop britânica dos putos percorre caminhos já percorridos por outros com muito melhores resultados. Aqueles que estavam à espera de uma segunda aparição viram as suas expectativas goradas. A noite continuou com metal categórico dos Red Fang. Os Black Gnod – fusão frankensteiniana entre Black Bombaim e Gnod – que posso descrever como pseudo sublime, onírico pindárico, rock aterrador. Trouxeram aos presentes a tensão efervescente do rock genuíno que enche o festival de orgulho. Para continuar a festa no palco Vice chamaram a malta da Discotexas, que repetiu a party avassaladora que já tinham trazido no dia anterior na piscina. Ao Homem do Fino coube a tarefa de chegar esta edição do Milhões com um concerto híper secreto perdido pela maioria algures em cima de um contentor. 


Muito se pode dizer sobre o Milhões de Festa; tem hispsters? tem, é da cena? é, mas a verdade é que nada disso interessa. Pois o que interessa é pureza de intenções e a boa música genuína que vai obrigar a todos aqueles que nos braços envergam a pulseira azul, um viagem de regresso a Barcelos. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Milhões de Festa…Ou a História do Galo de Barcelos

Devo aqui confidenciar que estive quatro dias em Barcelos e nem por uma vez ouvi o galo cantar, começo a achar que o galo em Barcelos é só loiça pra vender a turista. 

 No segundo dia a sério do Milhões resolvi trabalhar afincadamente para o bronze, passei portanto o dia na piscina rodeado por gajas com bikinis coloridos - thumbs up - e um gajo com uma cuecas laranjas a dizer “nadador salvador” - thumbs down. Já a piscina estava morna quando o psicadelismo electrónico dos Gnod teve direito aos seus primeiros raios de sol em Barcelos. Os Reveange foram a segunda banda a tocar na piscina, e desde logo mostraram aos banhistas, que o seu hardcore é só pra meninos e meninas com pêlo no peito. Ainda os tímpanos zumbiam, quando o pessoal da Discotexas se apoderou do palco da piscina, primeiro os Xinobi & Moullinex, depois a Da Chick. A última mostrou que um pouco de groove e muito funk chegam para criar uma multidão de seguidores, que alternam entre as bombas na piscina e os corpos possuído pelo demónio. Os resistentes que ficaram na piscina tiveram o prazer de assistirem ao melhor hip-hop chunga que se faz no Barreiro. Aqueles que ficaram pra ouvir os Bro-X tiveram o prazer presenciar uma versão de Karla Puta, cantada acapela em uníssono com os berros selvagens do público. 

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Depois do concerto explosivo dos Bro-X que se prolongou até ao lusco-fusco, restou-me tempo apenas para apanhar o final dos Lüger. No palco Milhões tocaram os cabeça de cartaz El Perro Del Mar mas por falta de conexão entre o público e Sarah Assbring, o concerto dos suecos não deixará memória àqueles que os viram em Barcelos. Se a falta de vontade e a voz arrastada de Sarah ficaram aquém das expectativas do público, o concerto no palco Vice que sucedeu os suecos deixará sem dúvida as melhores memórias àqueles que viram os Prinzhorn Dance School. Monocórdicos, Monocromáticos, Anacrónicos… Pindáricos. O duo que veio a Barcelos representar a DFA records, mostrou aos hipsters do Milhões que ainda existe Post-Punk de qualidade em 2012. O duo inglês deixou um marca profunda naquele que foi o melhor dia do festival. No palco Milhões seguiu-se um jovem de cabeleira oxigenada, ao meu lado alguém disse que se trataria do Kurt Cobain exumado. Tal qual um líder de uma seita Connan Mockasin convidou o público a sentar-se no chão de Barcelos. O público enfeitiçado pelo psicadelismo acedeu às demandas da figura em palco. A música do músico australiano enfeitiçou os jovens que ficaram presos à onda orgânica que percorreu o recinto. O concerto de Mockasin trouxe-nos uma das experiências mais estranhas do festival, entre o sussurro mágico do australiano e o turbilhão espacial, nada ficou por dizer neste concerto prazenteiro. Depois da trip colectiva providenciada por Mockassin seguiram-se no palco Vice os Gala Drop. A banda Lisboeta é um diagrama dinâmico de multicamadas e afectos musicais. O frenesim, space-rock dos Gala Drop provou ser o melhor condimento do Milhões de Festa na modesta opinião deste blogger. No que restou da noite é necessário mencionar ainda a fumaça dos Weedeater, o hip-hop cabalístico dos Ghunagangh e a música da cena do Publicist.

Último Concerto dos Botswana Hoje no Armazém do Chá!

design Wasted Rita

terça-feira, 24 de julho de 2012

Milhões de Festa… Ou 1984: A Invasão dos Homens de Negro


O primeiro dia a sério do Milhões começou com umas braçadas na piscina e com as batidas multicamadas do Jibóia. O sol começou a queimar e o math-rock dos Equations começou a fritar o cérebro daqueles que ainda estavam a ressacar do dia anterior. Fiz um esforço hercúleo no sentido de me levantar da toalha, pois ingenuamente pensava que os The New Kind of Mambo estariam na Taina a tocar, qual não é o meu espanto quanto chegado ao palco à beira rio vejo em palco a parte Kuduro dos Throes + The Shines. A dupla antecipou na Taina aquilo que mais logo iria trazer ao palco Milhões. Voltei a correr às Piscinas e ainda sem fôlego pude assistir aos ALTO! encabeçados por João “THE MAN” Pimenta. O João Pimenta e os ALTO! dão uns concertos do caralho, os riffs dos ALTO! queimam mais do que o meu escaldão. Nenhum festival consegue repetir momentos como aquele que o público da piscina teve a oportunidade de assistir oferecido por esses senhores. Outra curiosidade a ter conta é que na primeira tarde do festival todas as bandas apresentadas foram produção nacional, provando que nem todos os festivais precisão de ter camones para serem brutais.

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 A noite cai em Barcelos e os palcos principais abrem portas, depois de atravessam um mar de macacos de negro, uma constante em todo o festival, foi possível vislumbrar a paisagem magnifica que termina com o palco Milhões onde por essa hora já tocavam os Sensible Soccers. Eu desconhecia a possibilidade das bandas Indie puderem fazerem referencia ao desporto rei, pensei que existia uma regra contra isso, mas a verdade é que o rock etéreo da banda valeu-lhes do titulo de campeões do europeu de Barcelos. Depois dos Sensible Soccers tocaram no palco Vice os League, que nada têm a ver com a série de Mark Dauplass. A música Lo-fi solarenga do duo aqueceu o pessoal todo de Barcelos e meteu a miúda do vestido vermelho a dançar – eu já a vi em qualquer lado. Não posso no entanto esquecer a participação fundamental do Hélio – sim vocês sabem quem ele é – o homem tocou a sua nota como ninguém. Depois da pop fofinha dos League, o headbanger dos Baroness voltou a por os meus tomates no sítio. De volta ao Vice, dei de caras com o homem do saco, Holy Other para a maioria, que usa o capuz por vergonha…BORING STUFF. Mas o melhor da noite ainda estava por vir. O Rockuduro dos Throes + The Shine testou a resistência do palco Milhões. Eles pediram pro pessoal dançar e ninguém lhes fez a desfeita, é impossível ficar indiferente à BATIDA. Não houve corpo no Milhões que não tivesse sentido o frenesim sonoro dos Throes + The Shine invadir-lhes a alma – Tá a Cuiar. A festa não esmoreceu depois do último concerto do palco Milhões, pois no palco Vice já estavam os Youthless. O Alex e o Sab trouxeram um convidado que tomou conta das teclas e chegou mesmo a dar voz a um tema dos Black Sabbath. O duo que aqui se apresentava em trio, elevou a fasquia tendo estoirado as colunas do palco Vice com o seu rock-nós-somos-fodidos-e-sabemos-disso. Antes da noite terminar tiveram ainda tempo de mostrar a nova Drugs editada pela Lovers & Lollypops. A noite continuou no palco Vice com os Meneo e os Glam Slam Dance . PS. Antes de terminar queria só referir que o gajo com a máscara de coelho mete medo.

Milhões de Festa… Ou como meter uma carrada de hipsters em Barcelos



Dia 19 a caravana de jovens suburbanos adentrou o Parque da Cidade, ocupando assim o pouso comum da prole mais idosa de Barcelos. Acontecendo um encontro imediato entre a minha pessoa e um desses autóctones, que depois da nossa conversa - que se desenvolveu com alguma dificuldade para ambas as partes - ficou a pensar que todas aquelas tendas pertenciam a uma excursão escolar. Pôr a mala dentro da tenda recém-montada é uma vitória conseguida depois de uma viagem que contou vários comboios e a nefasta paragem em Nine. Depois de tal viagem o que fazer no dia 0 do Milhões de Festa, preparado pela Lovers & Lollypops estava à espera do comum campista um roteiro turístico pela cidade, uma espécie de “Onde está o Wally?”, mas com bandas da cena. Tal tarefa tornou-se tão complicada como a tarefa de encontrar o jovem de óculos de massa e camisola às riscas. Quando dei por mim encontrava-me algures entre bancas com couves e t-shirts da Niké, fui salvo de tal cenário graças à música de fundo dos The Glockenwise que me indicou o caminho para o primeiro palco. Infelizmente não cheguei a tempo de assistir ao concerto, tendo chegado apenas a tempo de ver o arrumo do palco. Frustrado mas desta vez já com uma guia à altura, consegui chegar a tempo dos Käil que tocavam em frente à Casa Meira. A música deste grupo chegou mesmo a dar origem a um pequeno engarrafamento devido ao público que se amontoava diante destes jovens. Ao fim da tarde na esplanada do Largo do Apoio tocavam os Aspen, o seu stoner rock capaz de mandar abaixo toda a zona histórica de Barcelos, preparou o espírito dos jovens imberbes que já antecipavam o festival com muitos finos no bucho para aquilo que o festival lhes tinha planeado. Quanto aos Cálculo o mapa de nada me valeu, depois interrompida esta demanda restou apenas o regresso à tenda e a preparação para patuscada marcada para mais logo.

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 Desta vez já num palco como deve ser, o palco Taina que iria ser a alternativa ao palco da piscina nos dias que se seguiriam. Nesse palco tocaram os The Glockenwise, sendo que desta vez os meus olhos já os conseguiram vislumbrar. A minha opinião acreditada, é capaz de resumir o concerto a uma simples palavrinha do "caraças". Estes putos de Barcelos fazem-se, não tenham dúvida disso meus senhores, esperem só até às borbulhas dos putos secarem e vão ver. Os miúdos tiveram tempo para anteciparem o concerto dos Throes + The Shines, com um cheirinho do tema Batida. Não esqueçamos também a frase da noite proferida por Nuno Rodrigues o vocalista da banda – “O Optimus Alive! é uma merda” – uma frase que deixou alguns hipsters com uma lágrima no olho. Seguiram-se os Gnod nesta noite 0, este concerto da banda seria o primeiro dos três que a banda iria dar no festival. InGnodWeTrust, God is Dead but Gnod is fucking Alive! E foi isso que este concerto demonstrou. O palco Taina contou ainda com ANA e Pedro Santos, mas o que interessa é o primeiro dia a sério do Milhões.