sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Regresso


Com o aproximar do final de Agosto vejo-me de novo em casa, embora as férias ainda não tenham terminado (é uma das vantagens de ser um estudante universitário) esta altura do ano já pede uma reflexão sobre este verão. Em termos de festivais este ano foi bem mais calmo do que o ano passado, depois da minha passagem pelo Optimus Alive! ainda em época de exames comecei as minhas ferias rumando para sul em busca das músicas do mundo. Depois da sua estadia em Porto Covo o Festival de Músicas do Mundo rumou para Sines e foi aí que o encontrei. Conhecido por mostrar a Portugal as bandas do mundo que passam ao lado da maioria das pessoas, este ano o cartaz não foi excepção mostrando os nomes mais importantes da world music nacional e internacional. Eu tive a hipótese de assistir ao vivo ao dia 22 que contou com os nacionais Dead Combo que embora não gostem do rótulo de world music se enquadram perfeitamente neste ambiente. O palco dos Dead Combo que se encontrava em frente ao centro de arte contou com público suficiente para encher a rua, público esse que teve a oportunidade de ver os novos temas de Lusitânia Playboys. Temas como “Putos a Roubar Maçãs” ou “Sopa de Cavalo Cansado” convergiram com os clássicos da banda e até com um cover dos Queen of the Stone Age para um concerto arrebatador que embora em palco “secundário” se mostrou como um dos melhores do ano, dado por uma banda que é uma das principais certezas do panorama nacional. Já no interior do centro de artes era possível assistir a Iva Bittová um violinista checa de avant-gard. Que utiliza o violino de maneiras pouco ortodoxas tocando as cordas com instrumentos um pouco estranhos, misturando quase como um rock multi camada com a sua ascendência de leste tudo isto junto ao seu dotes vocais que vão desde uma voz terna ate ruídos estranhos vindos do interior da sua garganta formam um espectáculo a não perder. Para o final da noite ficou uma das minhas bandas favoritas deste verão. Os Moriarty para além de um nome que faz referencia ao arqui-inimigo de Sherlock Holmes são um dos projectos mais interessantes no que a wolrd-music diz respeito. Vindos dos diferentes cantos do globo e com casa em Paris os Moriarty são uma “ensemble” que povoa diferentes géneros desde o folk ao cabaret. Cada música narrada por Rosemary Moriarty de uma pequena história se trata que nos arrasta para uma imagética própria dos olhos de uma Alice e o seu país das maravilhas.
Embora sejam uma banda com uma veia clássica são quase como enteados bem tratados no panorama indie depois de terem tocado no festival Benicassim.
Mas foi na fase, férias de papo para o ar na praia que pude finalmente dar atenção a alguns livros e bandas que me perseguiam já há algum tempo. No que a literatura diz respeito posso referir “menina else” de arthur schnitzler, um drama psicológico na primeira pessoa que percorre os medos e as inseguranças da personagem principal. Acabei também “Dentes Brancos” de Zadie Smith uma das minhas escritoras favoritas.
No que à sétima arte diz respeito posso dizer que foi das únicas coisas que me fez sentir saudades de Lisboa e dos cinemas Medeia e da Cinemateca. É muito maçador ir aos cinemas por esse país a fora e apenas encontrar os blockbusters americanos que mais tarde ou mais cedo farão parte das grelhas de fim de semana dos dois canis independentes de Portugal.
Em termos de álbuns que passaram pelo meu ipod em férias posso evidenciar “Limbo, Panto” dos Wild Beasts, o novo projecto de Manel Cruz Foge Foge Bandido, “Lie Down In The Light” de Bonnie 'Prince' Billy e Nouns dos No Age entre muitos outros. Agora que voltei espero voltar a postar com a frequência normal, desculpem também este texto um pouco feito à pressa mas ainda não acertei a mão.