Depois da abertura das portas às 15:00 horas o dia mostrava-se farrusco. Às cinco horas da tarde ainda poucas pessoas se tinham deslocado até ao recinto do Super Bock Super Rock (SBSR) no Parque Tejo, devido em grande parte por se tratar de um dia de semana. As poucas pessoas que já se encontravam no recinto deambulavam pelo recinto à procura das diversões providenciadas pela organização.
No palco já se encontravam a actuar os Y?, à frente do palco poucas pessoas se encontravam a ouvir a actuação desta banda. O pequeno público devia-se em grande parte devido a um erro de casting da produtora deste festival, em colocar uma banda com um género musical que não se enquadrava neste segundo Acto do SBSR.
Depois de três músicas os Y? deixaram o palco sem terem causado uma impressão muito intensa às poucas pessoas que os ouviram.
Foi com os Bunnyranch que o Festival parecia ter começado, foram os Bunnyranch que começaram a transmitir energia ao público que já começava a aumentar à frente do palco. Kaló começou a sua actuação por dizer que iria actuar no máximo para os 15, 20 pessoas conheciam a banda. Começaram a festa com “Your Words Are My Jokes” do novo álbum. Kaló continuou na sua bateria a mostrar do que os Bunnyranch são capazes. Para além de várias músicas presentes na discografia da banda, a actuação dos Bunnyranch contou também com uma versão do “Hungry” dos Paul Revere & The Raiders. Mas foi com as músicas “Inside My Head” o single do novo álbum “Luna Dance” e “Can´t Stop The Ranch” que o público mais se manifestou. A banda do ex- Tédio Boys mostrou estar à vontade com o rock suado característico desta banda e o público parece ter aderido bem a uma das primeiras actuações do dia.
Depois da pausa para a preparação do palco seguiam-se os The Gift que já contam com prémios internacinais como o Best Portuguese Act da MTV. Os The Gift tentaram comprimir a sua carreira nos 50 minutos que tocaram. Foi um desfile de temas da banda a que o público respondeu com algum entusiasmo. Esta não foi na minha opinião uma das melhores actuações da noite, a actuação sofreu devido à atitude fria e um pouco arrogante da vocalista Sónia Tavares chegando mesmo a responder ao público que gritava “Salta, salta” que, eles é que deviam saltar, pois era para isso que eles lá estavam.
Chegava agora a hora da actuação de uma das bandas mais esperadas da dia a ter em conta o número de tshirts da banda e maneira característica de vestir de alguns membros do público a fazer lembrar o modo de vestir da banda em questão. Foi ainda com o sol a iluminar o palco que os Klaxons se estrearam em palcos portugueses. Foi com o seu Indie Rock dançante que os londrinos começaram a sua actuação. Jamie Reynolds dirigio-se algumas vezes ao público agradecendo a energia que emanava do público português. A parte final da actuação Klaxons foi um desboninar de singles começando em “Magick”, passando por “Gravity Rainbow” e terminando com “It's Not Over Yet”. Este foi sem dúvida um concerto para o público mais novo do SBSR e leitor da NME que respondeu muito bem à actuação destes quatro rapazes. Foi sem dúvida uma aposta ganha e conseguiram provar que são mais do que um Hype criado por certas revistas inglesas.
O SBSR continuou com sons a lembrar as décadas de 60 e 70. Foi com os The Magic Numbers, a primeira actuação onde a noite já se fazia sentir, que a faixa etária aumentou. Vindos da Escócia os The Magic Numbers donos de uma imagem hippie trouxeram ao festival um rock calminho que anda entre o country e o powerpop. Os The Magic Numbers proporcionaram um descanso merecido a um público cansado depois da actuação dos Klaxons.
Chegava a hora de uma das actuações mais esperadas da noite os Bloc Party que pisavam solo português pela terceira vez. Depois de duas grandes actuações em Portugal que lhes conferiram muitos fãs por estas paragens os Bloc Party tinham a missão de dar mais um grande concerto.
E assim começou com “So Here We Are” música do primeiro álbum. Depressa se começou a avizinhar mais um grande concerto desta banda vinda de terra de sua majestade. O carisma de Kele Okereke continua lá, e mais uma vez nos mostrou do que os Bloc Party são capazes. Ao contrário do concerto em Paredes de Coura onde a única coisa que possa ter falhado, possa ter sido as poucas músicas da banda na altura. No SBSR os Bloc Party conseguiram fazer a ponte perfeita entre “Silent Alarm” e "A Weekend in the City". Como sempre Kele Okereke não se esqueceu de se dirigir ao público, mostrando que são estes pequenos detalhes em Kele e nos Bloc Party que tornam cada actuação única e não mais um concerto para cumprir agenda.
Foi nos temas de “Silent Alarm” que público se mostrou mais energético. E foi com o muito pedido “Helicopter” que os Bloc Party terminaram mais uma actuação em Portugal. Não tendo sido talvez uma actuação ao nível da actuação em Paredes de Coura (sem dúvida a melhor do festival) foi uma das melhores actuações desta banda.
Foi por volta da meia-noite e qualquer coisa que chegava a hora da actuação da banda mais aguardada do festival. Chegava a hora de uma das bandas desta década se não a banda desta década tocar mais uma vez em solo português, depois da actuação em 2005 no festival Paredes de Coura que deixara muitos portugueses sedentos da sua volta. Na primeira fila via-se os olhos de uma plateia veteranos e gente que só conhecia o trabalho desta banda através do último álbum “Neon Bible”, uma ânsia por ver ou rever a banda responsável pelo álbum “Funeral”. Era no meio desta ansiedade e curiosidade que se preparava o acontecimento de um momento mágico.
Foi com imagens de uma rapariga que discursava numa igreja evangelista típica do Brasil, que começam a entrar os responsáveis por uma das melhores noites da vida das 15.000 pessoas que os esperavam. O cenário para este concerto, sem dúvida o mais elaborado de todas as actuações desse dia. Contava com réplica de um órgão de tubos e a imagem de uma bíblia de néon no fundo do palco para além de cartazes onde se projectavam os números de 1 a 5.
Foi com o Black Mirror que a magia começou e o concerto deixou de ser um concerto para passar a ser algo místico. Foi com as palavras proferidas por Win Butler “I Walk Down to the Ocean” que se sentiu pela primeira vez nessa noite a energia dos oito membros (mais coisa menos coisa), que já ocupavam os diversos instrumentos desta banda que vão desde o baixo, bateria, teclados, guitarra entre outros instrumentos de cordas e percussão.
A “Black Mirror” seguiu-se “No Cars Go” a música lançada no primeiro EP da banda e mais tarde remasterizada no mais recente álbum da banda tornando-se num marco do novo álbum.
Foi com Haiti que Régine “animal de palco” Chassagne tomou o microfone como seu e mostrou ao público português a sua linda voz proporcionando um dos momentos altos da noite.
Seguiram-se então “(Antichrist Television Blues)” e “Intervention” do novo álbum da banda onde Win Butler voltou a ocupar o seu lugar à frente da banda, nesta altura era difícil perceber quem se estava a divertir se o público se os próprios Arcade Fire.
Seguiu-se então “Headlights Look Like Diamonds” música do primeiro EP da banda que como referido pelo próprio Win Butler poucas vezes fora tocada em actuações ao vivo. Mas nem por isso desconhecida do público do SBSR que não parou cantar a música do princípio ao fim.
Por esta altura já os olhos de Win Bulter se enchiam de espanto pela receptividade do público, desde o princípio do espectáculo que o publico não parava de servir coro aos Arcade Fire mesmo entre músicas o público do SBSR fazia questão de continuar a cantar. Em grande parte devido ao público português gostar de fazer parte dos concertos e também para agradecer a uma das melhores bandas da actualidade. Como Régine Chassagne referiu o público português canta muito bem.
“Ocean of Noise”, um dos momentos altos de “Neon Bible” é reproduzido ao mais alto nível no Parque Tejo pela guitarra de Win Butler.
Antes da recta final já Win Bulter se desfazia em agradecimentos mas não sem referir o facto de devido a de morar no Canadá numa zona onde morar muitos imigrantes Portugueses e Gregos se ter sentido em plena faixa de Gaza durante o Euro 2004.
Na recta final ouviram-se os sons de “Funeral” o álbum que catapultou esta banda para os maiores palcos do mundo, ouviu-se “Neighborhood #1 (Tunnels)”, “Rebellion (Lies)” e “Neighborhood #3 (Power Out)”.
Antes do final do concerto ouviu-se “Keep The Car Running”. Mas foi já no encore que se ouviu o hino dos Arcade Fire “Wake Up” e assim se despediam os Arcade Fire de forma apoteótica do público português.
O público recusou ir-se embora gritando por quase dez minutos sem arredar pé da frente do palco onde durante uma hora e qualquer coisa se fez magia.
Em tom de conclusão depois de tal concerto ficou um sentimento de que se tinha feito história naquele local e que as memórias da actuação de uma banda que entrará para a história como uma das melhores bandas ao vivo não desapareceram tão facilmente.
1 comentário:
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Cumprimentos!
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