sábado, 1 de maio de 2010

Indie Lisboa #6


Guerra CivilUm filme de Pedro Caldas

Amores de Verão. Alguém acorda para a escuridão.

O primeiro filme de Pedro Caldas, depois de uma longa experimentação no formato das curtas, é um filme composto por pequenos pormenores fundamentais que se antagonizam, luz e trevas, a música de Joana e a música dos Joy Division, o mundo de Rui e a praia da mãe. São estes pequenos nadas que formam o grande filme que é Guerra Civil.

Em Guerra Civil Pedro Caldas despreza o diálogo, construindo o seu filme nos silêncios ,nos planos aperfeiçoados ao pormenor e na primorosa mise en scène que cruamente nos aduz o íntimo dos personagens. É ai que Pedro Caldas nos relembra um Gus Van Sant mais experimental, na sua triologia da Morte. Também Pedro Caldas nos mostra um jovem que sofre com as dores de crescimento, um rapaz com medo de crescer. Mas se Rui sofre com a ideia de ser adulto, a sua mãe teme envelhecer.

E e nestas duas personagens que se forma um puzzle que só termina com a chegada do pai a peça final dos puzzle. Puzzle este que representa dois mundos, o mundo de Rui e o mundo da sua mãe, que quase nunca se intersectam.

Rui um rapaz preso em si mesmo nas suas trevas interiores e na sua música "depressiva", que vê em Joana e na sua música uma espécie de fuga para o seu destino. Esta torna-se então objecto do seu desejo sexual reprimido.

É neste ambiente de estio que por vezes parece pertencer ao universo de Antonioni, que Pedro Caldas retrata a Guerra Civil interior desta familia de individuos.

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