segunda-feira, 2 de junho de 2008

Música do Mundo em Português


Os movimentos musicais são algo orgânico movendo-se, de forma inopinada. É difícil adivinhar o que se segue, qual a próxima fonte criativa. Mas seguindo um raciocínio simples é de se esperar que quando a fonte criativa intrínseca seque que a procura se volte para outros locais criativos, muita vezes essa mudança quer dizer uma mudança geográfica. E esse é o princípio básico da world music.
Talvez esse principio se possa transcrever para a música indie que já existe desde dos anos oitenta e já se reinventou várias vezes embora o world music não seja uma noção nova para a música indie os Talking Heads são disso bons exemplos. Tem se visto crescer uma nova geração de world music ligada à música indie com nomes como os Beirut, Vampire Weekend ou DeVotchKa.
Movendo todos estes conceitos para o panorama português podemos caracterizar parte da música mais mainstream ou nem tanto desde os anos 70 como uma música fortemente influenciada pelo eixo anglo-saxónico. As bandas rock portuguesas sempre foram fortemente influenciadas por tudo aquilo que se faz em terras de sua majestade ou pelo som mais americano.
Mas todo este movimento musical português é algo recente, não sendo característico da nossa nação. Por sua vez o Fado é a linguagem de Portugal, tal como a nossa bandeira ou o nosso hino o Fado faz parte de Portugal.
Mas o que acontece quando se funde uma linguagem que é nossa com outra que não nos pertencendo mas ao mesmo tempo nos diz tanto.
A resposta a essa questão vem sobre a forma de um projecto lisboeta, uma cidade com alma de fadista. Os A Naifa são um projecto que pretende unir a poesia do Fado a sons “estrangeiros”. O nome desta banda espelha toda a dicotomia desta união “Naifa” que vem da palavra inglesa “Knife”(faca), faz parte do calão tão português.
Os A Naifa são ao mesmo tempo guitarra portuguesa e sintetizadores. Os A Naifa são Fado sem capa mas como muita Pop, esta banda pega em tudo o que é mais português e dá-lhe tudo o que os últimos anos de música pop tiveram de melhor.
Os A Naifa são formados por velhos conhecidos da cultura pop portuguesa João Aguarela (ex-Sitiado) e Luís Varatojo (Peste & Sida) que se juntaram a Maria Antónia Mendes uma voz que é Fado. A pergunta que fica no ar é o que acontece à saudade no meio de sintetizadores e guitarras portuguesas amplificadas. Que coisa estranha é esta será “Electro-Fado”?
Mas se os A Naifa são Fado com roupas Pop, o que acontece quando se toca rock com guitarras portuguesas.
O que uniu Tó Trips e Pedro V. Gonçalves foi a música de Carlos Paredes. Mas o que une Carlos Paredes aos velhos westerns de Sergio Leone. A resposta os Dead Combo a banda que se uniu para gravar uma música de homenagem a Carlos Paredes. O som dos Dead Combo é difícil de definir mas uma imagem que me vem à cabeça quando penso nos Dead Combo é a de um Ennio Morricone apaixonado pelo Fado. Mas se os Dead Combo são a melancolia do Fado são também o flamengo, o tango e cuba tudo ao mesmo tempo. Com já três álbuns lançados tendo o último álbum “Lusitânia Playboys” sido lançado à pouco tempo os Dead Combo são já uma das bandas mais importante do novo movimento musical português. Os Dead Combo são a banda sonora do que é ser português sem esquecer o mundo.
Mas se os Dead Combo e os A Naifa são os principais rostos do world music que se faz em Portugal este não termina neste dois nomes. Os München banda que possui membros dos Pinhead Society, são bastante influenciados pelos sons que se fazem por esse mundo fora, já fizeram parte dos novos talentos da fnac. Os Deolinda banda irmã dos München fazem Fado sem melancolia e guitarra portuguesa e com pouco de humor. Outros são os nomes de portugueses em sintonia com o mundo. Para ver estes nomes e outros de outras partes do globo é preciso movermo-nos até Sines por época do FMN (Festival Músicas do Mundo) para lá entrarmos em comunhão com a melhor música do mundo que se faz sem fronteiras.

Dead Combo - Putos a Roubar Maçãs


A Naifa - Monotone

1 comentário:

D. disse...

Fadomorse, Eléctrico 28. Parece que cada vez mais aparecem bandas que tentam aliar a música «moderna» à mais tradicional e portuguesa. E ainda bem.

Muito bom blogue, apesar de ser a primeira vez que o comento já o conheço há algum tempo...