sábado, 11 de dezembro de 2010
Lula Pena
A voz de Lula Pena continua hoje a inquietar o meu espírito com a mesma intensidade que o fez aquando da primeira audição.
Lula Pena renasceu quando num assalto lhe roubaram, o trabalho que ansiava finalmente puder expor numa galeria em Barcelona. Privada deste caminho, um amigo aconselhou-a a utilizar a música para afastar os demónios que a atormentava. Assim fez, pegou na guitarra e tocou.
Com “Phados” agraciou o mundo com a voz, tão perturbadora quanto divina esta voz que Lula Pena já havia levado pelo mundo. Nas trezes casas de “Phados”, Lula Pena despe-nos pele e deixando-nos nus, sozinhos, desprotegidos à mercê dos braços longos das suas palavras, tão acolhedoras quanto assassinas. Elas saem do seu corpo frágil, que ferve por baixo da pele capaz de traduzir os sons da terra na sua voz.
Filha de uma alma lusófona que a todos nos corrói o espírito, Lula Pena canta esta ferida aberta no coração de Portugal com uma presença nos deixa perplexos diante a grandeza da sua voz.
Doze anos passados desde o advento que foi “Phados” somos apresentados a um segundo advento “Troubadour”. Desta vez dividido em sete actos, estes setes locais de uma alma lusófona aberta ao mundo. Em “Troubadour” Lula Pena brinca com referências que a acompanharam a quando da criação desta peça de arte contemporânea. Lula Pena mostra-se em “Troubadour” mais consciente do mundo que lhe embala a voz.
A sua voz mais crua, ganhou durante estes anos uma urgência que dança à beira de um abismo que a encara a cada verso.
Fica aqui apenas o desejo que o terceiro advento desta mulher que canta Portugal chegue mais prematuramente que “Troubador”.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
foto by cláudia varejão.
Enviar um comentário