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O destino do autocarro é o festival Bons Sons, e ao sairmos do mesmo deparamo-nos com uma pequena localidade a alguns quilómetros de Tomar. A aldeia dá pelo nome de Cem Soldos e não parece ser um local habituado ao movimento de gentes estranhas à terra trazidas pelo festival Bons Sons. A pequena aldeia de Cem Soldos reduz-se a um pequeno agrupamento de casas e alguns campos de cultivo, mas graças ao festival viu-se repleta de uma estranha estirpe de viajantes, os chamados festivaleiros. Mas desengane-se quem pensar que esta é uma aldeia qualquer pois Cem Soldos vibra por todos os poros. No centro da aldeia, os dois palcos já fazem parte da paisagem. Os palcos foram baptizados em homenagem a dois homens responsáveis por desenvolver a música tradicional portuguesa, o palco Lopes Graça foi montado na praça principal, enquanto o palco Giacometti foi montado entre duas casas bem ao lado da Casa das Ratas.
Este festival que se auto intitula Bons Sons para além de preparar um dos melhores festivais de música totalmente em português, teve também em conta outros pontos de interesse como a sessão de curtas com o nome “Curtas em Flagrante” da autoria de Elemento Indesejado e também as exposições de Nuno Coelho e Nuno Morão.
Conhecida a terra que recebeu o festival resta então enunciar os pontos positivos e negativos do mesmo, no que aos pontos positivos diz respeito começo por referir o facto de toda a organização do festival ser composta de voluntários que se movem apenas por amor à música portuguesa. É preciso também referir a amabilidade com que as gentes de Cem Soldos receberam todos visitantes.
Em relação à música dois dos maiores pontos altos do festival vieram de duas sumidades do panorama musical, um deles foi nos trazido pela mulher que traz Portugal na voz, Lula Pena. E o outro ponto alto foi nos trazido pelo homem cujo dom com guitarra nos emociona, Norbeto Lobo. Os pontos altos nesta edição do festival continuam desta vez da total responsabilidade dos dois homens de negro, os Dead Combo que nos levaram numa viagem por sons que variam desde do imaginário de Sergio Leoni até aos bairros de uma Lisboa alfacinha.
Os dois últimos pontos altos do festival vem da parta do senhor Bernardo Fachada, à tarde como B Fachada acalentou os corações daqueles que ouviram os seus poemas cantados. À noite já como Diabo na Cruz deu com o os seus companheiros o melhor concerto desta edição do festival Bons Sons.
No que aos pontos negativos diz respeito é preciso referir algumas falhas na organização do festival, exponenciadas pela elevada afluência ao festival que tornou difícil a estadia de alguns dos que se dirigiram a Cem Soldos.
Outros dos pontos negativos deveu-se devido a uma pequena parte do público que se dirigiu a Cem Soldos, com motivos que não se prendiam com a música. Esse grupo deu origem a algumas confusões tendo até impedido o restante público de apreciar parte do concerto dos Diabo a Sete, nessa altura ouvi alguém ao meu lado referir que tinha saudades do público de Sines.
Em termos musicais os pontos negativos vieram por parte dos Melech Mechaya que tentam compensar a música pouco inspirada com artificialismos como as intervenções em palco do vocalista da banda.
A edição deste ano já se encontra findada mas Cem Soldos espera que daqui a dois anos possamos assistir a mais uma viagem pela música que se faz em Portugal.