sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Byrne & Eno


Estamos a poucos anos de dar por concluída a primeira década deste novo milénio. Nos últimos anos fomos espectadores de uma revolução no mundo da música. Mas mais importante que a própria revolução foi a revolução de como vemos a música. Toda a noção sobre o modo de ouvir música e o modo de a obter foi alterada no espaço de poucos anos. Vivemos numa era em que se questiona a verdadeira importância da indústria musical e ao mesmo tempo o myspace, youtube e itunes tornaram-se indispensáveis a qualquer melómano, ou mesmo a qualquer ouvinte comum. O myspace tornou possível a bandas que ainda ensaiam no quarto na casa do pais disponibilizar a sua música a todo o globo.
È neste mundo em todos os dias impressa mundial tenta encontrar “the next big thing” que dois senhores da música voltam a apresentar-se como um duo num novo álbum. Ao fim de mais de vinte anos Brian Eno e David Byrne reúnem-se para dar à luz “Everything Happens Will Happen Today”.
Brian Eno e David Byrne são responsáveis por pelo menos trinta por cento da música que se fez nas últimas três décadas do século XX.
David Byrne é o homem que se definiu com os Talking Heads, a banda mais original dos últimos trinta anos. Brian Eno é o sintetizador por detrás dos Roxy Music, tendo um extenso trabalho a solo e como produtor assinou álbuns de pessoas como os Talking Heads, U2 ou John Cale.
Mas como se sentem este dois marcos da música pop, num mundo que já parece não se reger pelas mesmas regras ambos ajudaram a criar.
Existem vários factos quem provam que estes dois homens ainda respiram em 2008. Os Vampire Weekend um dos maiores hypes deste ano vão beber inspiração à mesma worldbeat que Talking Heads nos setenta. Brian Eno foi responsável este ano por trazer de volta os Coldpaly depois de um último álbum fracassado.
Em relação ao álbum em si, ao fim da primeira audição de “Everything that Happens Will Happen Today” percebemos que este é um álbum menos experimental que a última experiência do duo (My Life in the Bush of Ghosts). Embora este seja um álbum mais seguro há um facto que se manteve inalterado nestes mais de vinte anos e esse facto é o domínio da pop que cada um destes dois senhores possui que as novas geração ainda sonham possuir.
Neste álbum nota-se o gosto recém-adquirido destes senhores pelo gospel, que inunda a maior parte das faixas do álbum e em especial a faixa “Life is Long”. Se quisermos catalogar este álbum é possível descreve-lo como algo parecido com “Folktronica” com mais faixa mais electrónicas que outras. A voz dominante do algo é de David Byrne aqui muito mais contido e muito mais narrativo na sua época de Talking Heads. Se a voz é de Byrne a orquestração é de Eno, escritas com a ajuda uma guitarra acústica (algo fora do comum para Eno) e o Steinberg Cubase, Eno onze poderosa músicas.
E com novo álbum lançado Byrne e Eno mostram-se hoje tão ou mais relevantes do que no passado.

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