sábado, 19 de julho de 2008

Optimus Alive! dia Dez


Dia 10 era um dia marcado no meu calendário já há alguns meses como o dia de abertura do festival Optimus Alive!. Nos meses que antecederam o festival vários nomes haviam sido confirmados, nomes esses, que tornaram o jovem festival num dos festivais mais bem cotado no meio da crítica especializada, tornando-o num dos festivais mais aguardados da Europa. Nomes comos os de Bob Dylan ou Neil young faziam o deleite da maior parte dos fãs. Para mim o dia dez parecia ser o dia mais amigável, com os nomes responsáveis pelos álbuns mais interessantes no panorama alternativo. Os MGMT e os Vampire Weekend eram os nomes mais esperados pelos chamados “indies”.
Chegado o famoso dia dez já na minha carteira residia o bilhete me possibilitava assistir aos concertos desse mesmo dia, o bilhete que tinha custado 45 euros estava um pouco acima da média para um festival português mas bastante abaixo da média para a maioria dos festivais europeus.
Depois de alguns minutos numa fila que pelo seu tamanho adivinhava a enchente prevista para o primeiro dia de festival. Chegado ao recinto apercebi-me que ao longe no palco principal tocavam os Kalashnikov, mas para mim o palco que me enchia as medidas encontrava-se no lado oposto do recinto. Chegado ao Metro on Stage um palco muito mais reduzido e acolhedor coberto de verde com publicidade ao jornal diário gratuito.
No palco pude ver que o mesmo já se encontrava bem composto, enquanto os Sons of Albion tocavam. A banda luso-britânica e banda de Logan Plant, filho de Robert Plant, faz aquilo que eles referem como sendo o verdadeiro rock. Pouco conhecidos em Portugal os Sons of Albion conseguiram por o público português que se encontrava no palco secundário a abanar a cabeça com o seu hard rock. Acabado o concerto, o público começou a chegar em grande número na esperança de assistir ao concerto de um dos maiores hypes deste ano comparados aos Talking Heads por incorporarem os ritmos africanos ao pop. Com um som veraneante os Vampire Weekend chegam ao palco do metro on stage e depressa começaram a por em acção o rol de poderosos singles. Com uma resposta extremamente positiva do público português Ezra Koenig não se cansa estimular a festa de verão entre o público pedindo ao público que dance ao som das músicas. Com temas como A-Punk, Mansard Roof e Oxford Comma cheios de energia estes norte americanos do Brooklyn mostram fortes temas pop a um público rendido à partida que pedia sen cessar a música One (Blake's Got a New Face). Bastante bem dispostos e comunicativos estes norte americanos ficaram espantados com recepcção calorosa e não fugiram ao clichê de considerar o público português o melhor do mundo.
Chegado o último tema dos Vampire Weekend saí depressa do palco secundário, mas só ao sair do palco percebi o quão cheio o palco estava. Depois de ultaprassar as diferentes ofertas de distração do recinto cheguei finalmente à outra ponta do recinto onde os Spiritualized já tocavam à alguns minutos.
Depois de nos últimos anos se terem afastado dos palcos em grande parte devido à doença que afligiu Jason Pierce o vocalista. Os Spiritualized voltaram aos palcos e aos álbuns, com o álbum “Songs in A&E” que recebeu excelentes criticas. Os Spiritualized mostram-se em grande forma.
Vestido de branco Jason Pierce parece um anjo no meio de gritarras furiosas. Para o público que se encontrava em pequeno número e pouco participativo este era apenas um concerto de espera pois a maioria estava à espera dos Rage Against the Machine que pouco têm a ver com o dream pop dos Spiritualized.
Não pude ver o final do concerto pois o palco secundário preparava-se para receber os psicadélicos de Broocklyn. Sendo responáveis por um dos álbuns mais interessantes de 2008 os MGMT prometiam tocar mais tempo do que o inicialmente estipulado devido ao cancelamento do concerto por parte das Cansei de Ser Sexy (aliás os cancelamentos foram um dos pontos negativos do festival, pois alguns dias depois também os Nouvelle Vague viriam a cancelar, embora estes problemas sejam alheios à direcção, isto veio a tornar-se um incomodo para as pessoas que visitaram o festival). Em relação aos MGMT tenho de ser muito sincero não tinha muitas expectativas, pois embora tenha sido a minha banda fetish deste ano, os MGMT pelo havia lido não eram tão forte ao vivo como nos seus registos fisicos. Embora um pouco atrasados os MGMT chegaram ao palco secundário onde Andrew VanWyngarden aproveitou para se meter com o público português mostrando o seu bom humor. Por esta altura já todos os arredores da cobertura do palco metro on stage estavam cheios. Embora uns pequenos contratempos de ordem técnica no primeiro tema, os sucessos de “Oracular Spectacular” começaram a desfilar no pequeno palco no passeio marítimo de algés, desde de Youth e o seu psicadelismo, ao synth pop de Kids ou a energia electrica de Electric Feel. Os MGMT conseguiram superar todas as minhas expectativas dando um concerto sólido que de certeza não descepcionou os fãs da banda. Para o final ficou Time to Pretend, a música que fala em viver de depressa e concepção de bebés em encontros furtuitos com modelos. Foi esta a música que quase deitou abaixo o palco metro on stage.
Depressa me pus a andar dalí com esperanças de ver os The National, esperanças essas goradas pois já não tive tempo de rever a terceira banda de Brooklyn no festival.
Mas consegui ainda ver os Gogol Bordello que depois de dois concertos explosivos, um no FMM e outro no Paredes de Coura prometiam animar o público português com o seu punk cigano. Os Gogol Bordello que fazem parte da nova world music que inunda o panorama indie, são a festa onde por exemplo os Beirut são a introspecção. Podemos questionar os dotes vocais de Eugene Hütz mas não podemos questionar a sua capacidade para dar uma festa. Sem dúvida que esta banda dos balcãs pôs todos os presentes a suar devido á festa proporcionada por estas personagens da europa central.
No final do concerto dos Gogol Bordello a noite chegou ao fim para mim em oposição à maioria dos presentes que esperavam ansiosamente os suecos The Hives e os cabeças de cartaz Rage Against the Machine.
Posso concluir que a organização do festival fez um trabalho de qualidade pautado pelo pensamento no público presente, construindo um bom cartaz e proporcionando instalação de qualidade para os fãs poderem usufruir desse mesmo cartaz. Espero pelo próxmo ano para assistir ao próximo capitulo de festival meteorico.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Brontosaurus Chorus

Os Brontosaurus Chorus são um grupo de oito rapazes e raparigas vindos de Londres, que já se fizeram notar na cena indie da sua terra natal. Fizeram-se conhecer em terras de sua majestade graças aos concertos jubilosos e cheios de energia. Por enquanto o único registo fisico onde os pudemos ouvir, é o vinil lançado pela PopArt onde os Bronto-C (o nome pelo qual eu gosto de os chamar) dividiram o seu espaço com os “And Waht Will Be Left of Them?” (será que os nome curtos já estavam todos em uso). Os Bronto-C vão ao encontro de bandas da nova geração de indie pop como os Black Kids que são conhecidas por fazer um pop orelhudo com guitarras a acompanhar. Os Bronto-C por seu lado são mais twee do que a maioria das novas bandas de indie pop. Eles fazem aquele pop fofinho bastante melódico mas juntam-lhe uma linha de baixo pouco habitual nas bandas do género, mais às bandas de post-punk dos anos oitenta.
A característica principal da banda é o som bastante reconhecível mas ao mesmo tempo bastante inovador.

A Palavra do Senhor


Daniel Smith é um cristão crente na noção de um ser superior, mas Daniel é principalmente crente na noção de família. Mas como é que este homem de família cristão se tornou na nova sensação indie do momento. Tudo começou quando Daniel Smith (Danielson) começou a gravar algumas músicas que viriam a fazer parte do álbum “A Prayer for Every Hour” junto com alguns membros da sua família. Esse mesmo álbum iria servir de tese final do seu curso de artes, tese essa que viria a receber nota máxima. E foi assim que junto da sua esposa, filhos, irmãos e amigos decidiu espalhar a música do senhor. E é no meio desta confusão harmoniosa de vozes em falsete, precursões alucinadas, guitarras vibrantes e sinos que nos levam até as músicas pop anos 60 que Danielson evangeliza as massas.
Em pleno ano de 2006 os Danielson decidiram agraciar a nós meros mortais com mais uma obra do Senhor na terra denominada por Daniel Smith de “Ships”.
Em “Ships” no meio dos irmãos, pais e filhos conseguimos encontrar também nomes conhecidos de outras lides como a estela da folk Sufjan Stevens ou Greg Saunier dos Deerhof ou o técnico de som Christiaan Palladino, vendo a inclusão destes nomes ao núcleo criativo seria de esperar que os momentos mais brilhantes fossem da responsabilidade destes senhores mas não o brilhantismo é todo responsabilidade da loucura criativa de Daniel Smith.
O álbum é como que um catarse promovida pelo gospel alucinado dos oboés, dos sinos pelo falsete de Daniel que evangeliza sem nunca deixar de ser pop, que é freak sem deixar de ser crente.
É no meio dos loops, dos efeitos de sons desta loucura controlada que Daniel se sente como peixe na água, são os beats alucinantes que nos movem de música em música e acompanham a mensagem.
É no meio das frases do senhor que Daniel Smith constrói as letras que vão se fundir à música promovida por esta família.
Este álbum serviu para pôr este ateu assumido a pensar na palavra do senhor, nem que seja apenas durante o tempo que estas onze músicas demoram a chegar ao final.

Danielson - Did I Step on Your Trumpet

Live From Glastonbury


Máquina do Tempo #2

O ano que se vivia era o de 1999 e estávamos a poucos meses do início de um novo milénio, mas antes do fecho das contas da década de 90, os The Dismemberment Plan tiveram tempo ainda de inscreverem o seu nome na história dessa mesma década com “Emergency & I”.
Para quem não se lembra ou nunca tenha ouvido falar os The Dismemberment Plan ou D-Plan para os amigos eram um quarteto de Washington, de Indie Rock conhecido pelas suas letras orelhudas e músicas cheias de energia. Embora vindos Washington e também pertencendo à escola do art-punk os D-Plan fugiam um pouco às bandas suas conterrâneas como os Fugazi ou os Jawbox que se mostravam muito mais hardcore. Os D-Plan por seu lado tocavam um indie rock típico da época com uma atitude jazzy, com as suas guitarras vibrantes e o ritmo de bateria imposto Joe Easley. Devido ao beats excitantes da banda a pitchfork chegou a chama-los de pais do movimento Dance Punk dando-lhes créditos pela explosão de bandas do género que se fez sentir no inicio dos anos 2000.
Foi em Outubro de 1999 que o penúltimo álbum da banda viu a luz do dia. Na concepção de “Emergency & I” as mais distintas influências parecem ter feito parte do processo de criação desde a soul até ao techno, Travis Morrison e colegas percorreram as suas prateleiras de vinis em busca do som certo para o álbum. Depois de encontrado o som para este álbum bastou juntar a voz pouco usual de Travis Morrison que parece colar-se perfeitamente nas doze músicas de “Emergency & I”. A guitarra e a batida parecem por vezes esbater-se na voz de Travis, que não sendo especialmente acutilante, é particularmente perfeita nos versos de “A Life of Possibilities”.
Seguindo uma abordagem simples e directa os D-Plan parecem ter se divertido bastante com a concepção deste álbum. E para história ficaram músicas como “You Are Invited” que ainda hoje não nos sai da cabeça com seu ritmo que serve de hino ao indie rock americano dos anos 90. É só pena que Travis Morrison não tenha sido propriamente feliz na sua carreira a solo.