terça-feira, 15 de abril de 2008

Guillemots - Red


Depois do sucesso conseguido com “Through the Window Pane”, Fyfe Dangerfield poderia ter seguido a fórmula do primeiro álbum que se centrava em músicas introspectivas e de incomparável beleza onde estava clara a influência da formação clássica de Fyfe. Em “Red” será difícil reconhecer os Guillemots de “Trains to Brazil”, é evidente que Fyfe Dangerfield em “Red” tentou provar que por vezes mais é mesmo mais.
Ao fim de alguns segundos de “Kriss Kross” depressa percebemos que o quarteto comandado por Fyfe não está para brincadeiras. E se o objectivo é chamar a atenção dos ouvintes “Kriss Kross” é a música perfeita para esse intento, as guitarras, os violinos e a forte linha de baixo acordam qualquer ouvinte incauto. Em “Kriss Kross” tudo parece ser propositadamente exagerado para dar uma noção de grandeza. Depois de um início tão explosivo chegamos a “Big Dog” uma música que não estaríamos à espera de uma típica banda indie “inglesa”, “Big Dog” é uma poderosa música de R&B onde os sintetizadores imperam e os samples vocais abundam. A música é tão potente que é capaz de por a chorar de vergonha um qualquer filho da safra “Timbaland”. “Big Dog” é a música que irá afugentar todos os fãs mais ortodoxos da banda. Eu acredito que haverá fãs que queimaram os seus álbuns e a organizaram uma verdadeira caça às bruxas depois desta música.
É com “Falling out od Reach” que os Guillemots parecem dar um piscar de olhos a “Throug the Window Pane” (esta música é como que uma espécie de reconciliação com os fãs depois de “Big Dog”). “Get Over it” (o primeiro single retirado do álbum) e Last Kiss são as músicas que levarão os Guillemots até às pistas de dança. “Get Over it” é a música orelhuda do álbum e é claramente a “Trains to Brazil” de “Red”. Nesta música tal como em “Last Kiss” as guitarras envolvem-se com a electrónica criando um ambiente perfeito para as pistas de dança. A música que se segue é uma mudança no ambiente que se vinha a sentir até aqui no álbum em “Clarion” Fyfe constrói uma música Pop com múltiplas camadas que vão aparecendo ao longo de uma das construções líricas mais intricadas do álbum. Seguem-se “Cockateels” com uma batida bastante kitsch onde Fyfe faz lembrar uma certa estrela Pop em plenos anos noventa. Em “Words” Fyfe mostra-se mais uma vez como um grande intérprete numa música melodicamente elegante. “Don´t Look Down” é um dos pontos altos antes do final do álbum, onde os Guillemots experimentam uma linha de baixo atípica com baterias histéricas isto tudo numa construção a fazer lembrar os U2 (curiosamente o engenheiro de som de “Red” é Adam Noble que já trabalhou com os U2). Para terminar o álbum temos “Take me Home” com uma orquestração mais clássica. O novo álbum dos Guillemots não será um álbum de fácil digestão para a maioria da comunidade Indie que não está habituada a alguns condimentos presentes em Red. Para aqueles que não se importam os estereótipos têm sinal verde para ouvir novo trabalho do megalómano Fyfe Dangerfield e sua banda.

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