sábado, 25 de abril de 2009

Especial Indie Lisboa #1


Critico

A crítica é autobiográfica. Esta longa-metragem é uma espécie de realização de um fetiche recalcado de um qualquer crítico. O homem, o critico possui no seu cerne uma pulsão que o impele a fazer parte de algo. Neste filme o critico é mostrado como parte integrante e fundamental da construção cinematográfica, este filme é um objecto de prazer para o ego do ser crítico, um prazer que por vezes trás um gosto a fel.
O objecto do filme é a dicotomia entre o fazer e o criticar. É impossível separar estes dois conceitos, de que serve a realização da obra sem a apreciação da mesma, o oposto, a falta de obra também torna impossível a apreciação de algo. É possível pois considerar a critica como a validação da obra. O crítico é referido no filme, em primeira análise como um membro do público, um membro activo que exterioriza a sua opinião. A associação critico autor é algo impossível de dissociar. Bons críticos só existem em grandes obras. A procura pelo grande filme é o que impulsiona e move o crítico. Logo se uma grande obra é responsável por fazer um grande crítico, a boa crítica também é responsável pelo grande cinema. O inverso é também verdade a má critica, dá também origem ao cinema medíocre. A boa crítica não tem a ver tanto com a opinião do crítico crua mas sim com a análise do mesmo tendo em conta os vários factores da obra. Pois a opinião de um crítico é algo em constante mutação. Tal como o autor evolui através dos seus trabalhos e as suas vivências, também o crítico cresce com os filmes que assiste. É assim no meio desta associação recíproca que o autor e o crítico vivem sendo o critico responsável por tomar conta da obra quando o autor a deixa ao capricho do público. Sendo o mesmo amor pelo cinema que move o autor e o crítico. O crítico é tão apaixonado pelo filme como o seu autor, e por vezes apodera-se do mesmo como se este fosse seu usando-o para uma masturbação intelectual. Kleber Mendonça Filho conhece bem os caminhos que ligam a realização e a critica sendo consagrado tanto numa área como na outra. Através dos depoimentos das gentes que se movem no meio cinematográfico, Kleber Mendonça Filho aqui utilizando uma faceta para analisar a outra, encontra a voz que mostra o cinema através do processo simbiótico entre estas duas facetas.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Galeria Zé dos Bois


Curtas #5



Spanish Prisioners

Embora sejam prisioneiros em Espanha, estes quatro reclusos vêem do Brooklyn. Responsáveis por criarem pequenos momentos pop que nos embalam nos seus braços. Em cada nova música os Spanish Prisioners criam um novo mundo único, numa música podemos vê-los passearem-se pela folk enquanto noutro já são punks, sem nunca esquecer a pop adocicada. Todas as músicas centram-se nas letras escritas pelo vocalista Leo Maymind que admite dar mais importância às letras do que às próprias melodias. Este quarteto já teve a hipótese de partilhar os palcos com pessoas como John Vanderslice ou Daniel Johnston. Embora as músicas escritas por Leo Maymind sejam cheias de melancolia, é no brilho de esperança no fundo do túnel que as letras se centram.


Teenage Prayers

Acredito que um dos sonhos de Tim Adams tenha sido conhecer Steve Wynn tendo sido este, um dos heróis de adolescência do mesmo. Poucas pessoas têm a sorte de ter um dos seus heróis a produzir um álbum seu, contudo Tim Adams é um desses sortudos pois o produtor de “Everyone Thinks You're The Best” é Steve Wynn. Os Teenage Prayers são uma espécie de Hold Steady mais calmos e introspectivos. A palavra que melhor define o som da banda é América, a banda mescla o garage rock com o soul mas sempre com interior americano como fundo.

Indie Lisboa 09